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Aquecimento global antecipa estações e desregula relação entre animais e plantas

Todos os anos, enquanto as estações mudam, um balé complexo se desenrola ao redor do mundo. As folhas das árvores do hemisfério Norte reaparecem na primavera enquanto o frio diminui. As lagartas surgem para devorar essas folhas. Abelhas e borboletas vêm polinizar as flores. Os pássaros deixam o hemisfério Sul e voam milhares de quilômetros para botar seus ovos e se alimentar de insetos no norte.

Todas as espécies permanecem em sincronia umas com as outras a partir das informações ambientais, assim como os bailarinos se movem seguindo a música da orquestra.

O aquecimento global, no entanto, está mudando essa música, com a primavera chegando agora várias semanas mais cedo em algumas partes do mundo do que poucas décadas atrás. Nem todas as espécies estão se ajustando a esse aquecimento com a mesma velocidade e, como resultado, algumas estão ficando fora da sintonia.

Os cientistas que estudam as mudanças nas plantas e nos animais desencadeadas pelas estações têm um nome para isso: descompasso fenológico. E eles ainda estão tentando entender exatamente como essa discrepância – como o fato de  uma flor surgir antes que seu polinizador apareça – pode afetar os ecossistemas.

Em alguns casos, as espécies podem simplesmente se adaptar mudando as regiões que frequentam ou se alimentando de maneira diferente. Se as espécies não conseguem se adaptar com rapidez suficiente, porém, esses desequilíbrios podem ter “impactos significativamente negativos”, explica Madeleine Rubenstein, bióloga da Pesquisa Nacional Geológica de Mudanças Climáticas dos Estados Unidos e do Centro de Ciências da Vida Selvagem.

“A principal descoberta é que as coisas estão cada vez piores para a polinização da orquídea”, afirma Anthony Davy, professor de Ciências Biológicas da Universidade East Anglia e principal autor do estudo. Para essa orquídea – que já é rara – o futuro parece sombrio.

“A camuflagem é importante para manter vivos os animais que servem de presas”, diz L. Scott Mills, professor de Biologia da Vida Selvagem da Universidade de Montana que estuda os impactos do descompasso da camuflagem em espécies como a lebre americana.

Atualmente, a pelagem das lebres fica em descompasso por apenas uma semana ou duas. Mas no meio do século, de acordo com Mills, esse período pode se estender para até oito semanas. Se isso acontecer, diz ele, o número de lebres “”pode começar a declinar em direção à extinção”.

“Isso nos dá um caminho para ter esperança. Não podemos concluir de modo precipitado que as espécies com descompasso fenológico serão extintas”, diz ele.

Por:  THE NEW YORK TIMES