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Em ritmo de Copa do Mundo, Centro tem produtos a partir de R$ 1,50

Lá se vão quase quatro anos desde aquele fatídico 7×1 para a Alemanha, no dia 8 de julho de 2014. Mas, daqui a um mês, a Copa do Mundo estará de volta e com ela já começam a surgir as oportunidades de negócios de olho na esperança pelo hexa. Em Salvador, o comércio está começando a se aquecer e lojas inteiras já se pintam de verde e amarelo em praticamente todas as prateleiras. Os vendedores também estão esperançosos – nas vendas e no futebol -, mas os clientes por aqui ainda estão tímidos.

Nada que desanime quem está aí para vender. A estimativa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA) e da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) é de que o comércio varejista baiano movimente em torno de  R$ 63 milhões durante o campeonato mundial, que começa no próximo dia 14 de junho, na Rússia, e segue até 15 de julho. No Brasil, o impacto positivo no comércio varejista deve chegar à ordem de R$ 1,51 bilhão. Enquanto a Copa não chega, o CORREIO separou dicas para brincar o mundial com economia.

Segundo o presidente da Fecomércio-BA, Carlos Andrade, as áreas de eletroeletrônicos e eletrodomésticos devem registrar o maior crescimento. O setor de vestuários, de artigos esportivos e as lojas que vendem ‘bugigangas’ diversas, como as famossas vuvuzelas, perucas e bandeirolas, também terão aumento nas vendas.

“O comércio deve começar a aquecer mais a partir do final do mês, quando as pessoas começarem a receber os salários e algumas empresas antecipam o 13º. O turismo também deve ser impactado e o setor de bares e restaurantes fatura mais durante os dias de jogos. Estamos confiantes de que a Copa do Mundo será boa para todos”, diz Andrade ao CORREIO.

Vendas
Essa movimentação no setor é também o que esperam os vendedores das lojas especializadas nesses artigos. Segundo eles, o sucesso das vendas está atrelado diretamente ao desempenho da Seleção Brasileira em campo. Por isso há tanta esperança depositada no time escalado ontem pelo técnico Tite. A lojista Sheila Gomes, 41 anos, é quem explica.

“Funciona assim: quando a Seleção vai bem nos dois primeiros jogos, as vendas aumentam, porque o povo fica mais esperançoso com a vitória e resolve torcer. Mas, quando o time vai mal, a gente não vende quase nada”, afirma.

Por isso, os comerciantes estão na torcida para que a equipe anunciada ontem faça bonito na Rússia e espante de vez a sombra do 7×1 de 2014. Nas ruas do Centro de Salvador, a procura pelos artigos em verde e amarelo já começou e algumas lojas estão registrando movimento acima do normal.

Ritmo de festa
A comerciante Fabíola Ribeiro, 43, não trabalha com esses artigos. Por isso, a cada quatro anos, ela sai pelas ruas fazendo a boa e velha pesquisa de preços. Empolgada, ela experimentava tudo o que via numa loja da Rua do Paraíso, no Centro, conhecida por vender artigos para fantasias.

“Toda Copa do Mundo é a mesma coisa. Eu adoro essa época. A gente se junta para assistir aos jogos. Cada um leva um prato, compramos bandeirolas, cornetas, chapéus, óculos, tudo para entrar no espírito da torcida”, conta a comerciante, que já ostentava ontem uma peruca, óculos estilizados e uma vuvuzela, que ganhou o público na Copa do Mundo da África do Sul, em 2010.

A festa da família Ribeiro acontece nos Barris, em Salvador, e na cidade de Cruz das Almas, no Recôncavo, na semana do São João.

Enquanto a reportagem do CORREIO conversava com Fabíola, um idoso entrou na loja vestido com uma camisa da Seleção Brasileira à procura de uma bandeira. “Na verdade, eu já tenho três bandeiras em casa, mas a família é grande e precisamos de mais uma. Vou aproveitar e levar também uma corneta”, contou o homem de 70 anos, que disse ser conhecido na região como Seu Costinha.

Junho
Na Bahia, os comerciantes estão apostando todas as fichas no próximo mês de junho para impulsionar as vendas. A esperança é de que a Copa do Mundo, somada ao São João, ajude a melhorar e economia. No que depender da professora Ana Cláudia Lopes, 45, essa adição tem tudo para dar certo.

“Trabalho em uma escola comunitária e vamos fazer uma festinha junina para 56 crianças. Aproveitamos o clima da Copa e vamos comprar os tecidos em verde e amarelo para fazer as roupas da quadrilha, juntando São João e Copa em uma festa só”, diz.

De acordo com um levantamento feito pela Confederação Nacional do Comércio, a Bahia deve ocupar a sétima posição no ranking de movimentação em dinheiro por conta da Copa do Mundo, ficando atrás de Santa Catarina (R$ 76 milhões), Paraná
(R$ 106 milhões), Rio Grande do Sul (R$ 121,3 milhões), Minas Gerais (R$ 125,6 milhões) e Rio de Janeiro (R$ 127,9 milhões). São Paulo é o líder (R$ 523,5 milhões).

Os efeitos mais positivos da Copa devem ser sentidos mesmo no setor informal. Segundo o professor da Faculdade de Economia da Universidade de Brasília (UnB) Marilson Dantas, em períodos de crise, a população tende a consumir produtos mais baratos.

Verde e amarelo
Copa do Mundo não é Copa se não tiver torcida. E torcida que é torcida de verdade entra no clima do Mundial, se veste de verde e amarelo e se apega a tudo que seja da cor da Seleção. Nessas horas, até um chaveiro com o símbolo da bandeira brasileira vira instrumento de fé.

Por isso, o CORREIO bateu perna na Avenida Sete de Setembro e suas transversais para encontrar os produtos mais em conta para torcer. A vendedora Sheila Gomes, 41 anos, avisa: as cornetas são as mais procuradas.

“Para os clientes, quanto mais barulhenta, melhor. As bandeirinhas para carro também têm saído bastante. Na verdade, o pessoal entra para comprar uma dessas coisas e acaba levando também um chapéu, um enfeite para cabelo, uma pulseira, enfim”, diz.

O CORREIO encontrou cornetas a partir de R$ 1,50. As mais simples são pequenas e tem apenas uma cor, enquanto as mais elaboradas são coloridas e maiores. As famosas vuvuzelas, herança da copa da África do Sul, estão de volta. As que tem chocalho saem por R$ 10. Mas é possível encontrar algumas mais modestas por R$ 2,50.

Quem pretende se fantasiar da cabeça aos pés pode conseguir uma boa fantasia por menos de R$ 50. As sandálias custam R$ 7, peças de roupa a partir de R$ 8, e chapéus de R$ 18. O pacote com apitos para a criançada saí por R$ 4,80, com dez unidades. Já a estrela do campeonato, a bola, está por R$ 3.

Quem quiser ficar fashion no estilo canarinho pode optar também por bolsas e sacolas de R$ 8, colares, brincos e pulseiras de R$ 4 o kit, faixa para cabelo de R$ 5, e chaveiros de R$ 3. A bandeirola para enfeitar a casa está saindo por R$ 7, enquanto o chocalho do bebê está de R$ 5. E ainda tem a carteira em verde e amarelo para guardar o troco, que saí por R$ 3,50.

Agora, é entrar no clima, vesti canarinho e pedi à todos os Santos pela vitória da seleção. Invejosos dirão que isso é superstição, mas é apenas estilo.

Por: Gil Santos