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Em 10 dias de greve, Brasil amarga mais de R$ 40 bilhões em prejuízos

As perdas causadas pela greve dos caminhoneiros ultrapassam R$ 40 bilhões, estimam associações de diversos setores da economia. As áreas mais castigadas até o momento são de produção de proteína animal, distribuidores de combustíveis e comércio varejista. As principais consultorias do país têm divulgado boletins com projeções pessimistas. Segundo especialistas, não é possível estabelecer prazo para uma recuperação.

Os números são alarmantes. A Associação Brasileira da Indústria Têxtil calcula prejuízo de R$ 1,7 bilhão. A Federação do Comércio (Fecomércio) contabiliza R$ 5,4 bilhões em perdas diárias em vendas em todo o país. Os distribuidores de combustíveis deixaram de faturar perto de R$ 8 bilhões. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBic) deixou de gerar R$ 2,9 bilhões. A indústria farmacêutica perdeu R$ 1,6 bilhão. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) ainda não contabilizou prejuízo, mas as montadoras estão paradas.

No setor de alimentação, mais cifras negativas. A Confederação Nacional do Comércio (CNC) destaca que o segmento de hiper, super e minimercados perdeu R$1,69 bilhão. A Associação Brasileira de Laticínios amarga prejuízo de R$ 1 bilhão. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) deixou de movimentar R$ 10 bilhões. A Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), R$ 4,5 bilhões. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) estima prejuízos de R$ 4,3 bilhões.

Mais de 120 mil toneladas de carne bovina deixaram de ser exportadas, o que prejudicou a participação brasileira no mercado internacional. Das 109 unidades de produção do país, 107 estão paralisadas e duas operam com menos de 50% da capacidade. O setor de proteína animal emprega mais de 7 milhões de pessoas e é responsável pela produção de mais de 25 milhões de toneladas de alimento ao ano. “A continuação dos bloqueios para produtos alimentícios, rações e animais são um grave risco para o país”, alerta a ABPA, em comunicado.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) pediu ao governo a “intensificação da escolta” para o transporte de produtos perecíveis, carga viva e insumos para alimentação de animais. Um bilhão de aves e 20 milhões de suínos estão com ração insuficiente, além da morte de 80 milhões de animais.

Análise

O economista Marcel Caparoz, da RC Consultores, acredita que ainda é cedo para se ter dimensão total dos prejuízos. “A manifestação e os bloqueios ainda não se encerraram. O processo ainda está acontecendo. Afetou cadeias em todos os setores. O tamanho desse prejuízo será grande. Temos que entender se vai ser uma perda estrutural ou algo que volte para o equilíbrio rápido. Isso depende do desenrolar do movimento nos próximos dias”, explica. Para ele, a economia precisará de pelo menos um mês para se restabelecer. “Serão 10 dias para voltar ao normal e retomar o ciclo produtivo. E 30 dias para voltar à normalidade”, conclui.

Por: Otávio Augusto