Terceira causa de morte por câncer nos EUA e sétima no Brasil, o tumor de pâncreas é considerado um dos mais letais. A sobrevida não chega a 5%,
segundo dados da American Cancer Society.
A principal razão é porque, nos estágios iniciais, quando há mais chances de tratamento, geralmente não há sintomas. E quando eles aparecem, costumam ser pouco específicos.
Há pacientes que se queixam, por exemplo, de dor nas costas, recorrem ao ortopedista e passam meses usando, em vão, anti-inflamatórios. O
diagnóstico correto costuma acontecer em estágios avançados, quando há dor abdominal e icterícia.
Em média, leva-se entre cinco a dez anos entre o surgimento do tumor e seu diagnóstico, de acordo com a Fundação de Pesquisa de Tumor Neuroendócrino, uma organização sem fins lucrativos dedicada a pesquisas sobre essa doença.
À medida que as pessoas envelhecem, o risco de desenvolver câncer de pâncreas aumenta. Quase 90% dos pacientes têm mais de 55 anos. Os
homens têm uma probabilidade ligeiramente maior de desenvolver esse tipo de tumor do que as mulheres (1 em 63 para homens e 1 em 65 para
mulheres).
O tabaco, a diabetes e a obesidade são prováveis fatores de risco para doença. Existem dois tipos de câncer de pâncreas: tumores exócrinos e tumores
endócrinos. Os exócrinos são a maioria dos cânceres pancreáticos, e a forma mais comum é chamada de adenocarcinoma, que começa nas células que formam glândulas e dutos responsáveis pelas enzimas liberadas no intestino e que ajudam na digestão dos alimentos. Eles respondem por mais de 90% dos casos.
Esses tumores tendem a ser mais agressivos do que os neuroendócrinos, que são mais raros. Esses últimos, de progressão mais lenta, acometeram a
cantora Aretha Franklin, que morreu na última quinta (16), e Steve Jobs (1955-2011).
O câncer de pâncreas neuroendócrino surge em um dos principais tipos de células desse órgão, as ilhotas pancreáticas. Elas são responsáveis pela produção de hormônios como insulina e glucagon, que atuam no metabolismo do açúcar no organismo e regulam seus níveis no sangue, e gastrina, que estimula a secreção de ácido clorídrico e enzimas pelo estômago. O tipo de tratamento depende da possibilidade de o tumor poder ser totalmente removido cirurgicamente ou não. Nos casos em que a remoção total não é possível, é indicado o uso de quimioterapia e outras drogas específicas.
Tumores mais avançados têm um risco maior de recorrência e podem se espalhar para o fígado. Se a cirurgia deixa para trás células tumorais agressivas, elas podem causar uma recidiva do câncer. Atualmente, há linhas de pesquisa sendo desenvolvidas para entender melhor como os tumores pancreáticos crescem e se espalham. Existem também estudos cujo enfoque é encontrar melhores tratamentos, terapias direcionadas, terapia munológica, melhorias na cirurgia e na radioterapia, de acordo com a American Cancer Society.
Outra linha de pesquisa se baseia em buscar biomarcadores de câncer pancreático para que um dia ele possa ser detectado em um simples exame de
sangue ou urina. Diferentemente de rastreios para outras condições, como câncer de cólon, mama e próstata, não há maneira rotineira de aferir se um paciente tem um tumor no pâncreas.
Fonte: Folha de São Paulo