Ele praticamente não terá tempo de televisão. Como sua coligação não possui sequer cinco deputados federais, não pode participar dos debates. Por essa razão também, entra muito pouco nos noticiários que cobrem a agenda dos candidatos. Mesmo com todas essas dificuldades, João Amoêdo, presidenciável pelo Novo, começa a chamar a atenção. Mais do que isso.
Nas últimas semanas, Amoêdo conseguiu um feito considerável: seduziu setores da classe média, conquistou eleitores cansados da velha política, atraiu a direita que desconfia dos pendores liberais de Jair Bolsonaro (PSL) e ganhou musculatura eleitoral nas pesquisas, superando a faixa de 1%/ 2% dos nanicos. Não significa que chegará lá. Sequer é possível tratá-lo como um candidato competitivo. É cedo para afirmar, mas sua performance impressiona. Em levantamento espontâneo do Instituto FSB Pesquisa, encomendado pelo Banco BTG Pactual, ele aparece como terceiro nome mais citado, com 3% das intenções de voto, à frente de Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSDB), com 2% cada um.
No cenário estimulado e com Lula, Amoêdo figura com 4% das intenções de voto, atrás de Marina Silva (9%), mas encostado, dentro da margem de erro, em Geraldo Alckmin (6%) e Ciro Gomes (5%). No cenário com eleitores mais escolarizados e com poder de renda maior, residentes na região Sul e Sudeste, o empresário chega a alcançar o terceiro lugar, oscilando entre 11% e 13% das preferências, atrás apenas de Lula e Jair Bolsonaro.
Segundo Amoêdo, o bom desempenho nas redes sociais decorre da campanha em 2016, utilizada para divulgar o Partido Novo e suas ideias. “Nosso principal desafio era tornar o Novo conhecido. Na medida em que a gente cresceu nas redes sociais, isso começou a refletir nas pesquisas”, diz. Ainda que esteja longe dos primeiros lugares, o crescimento de Amoêdo reflete em parte o desejo de renovação do eleitorado, que as candidaturas dos principais partidos não parecem contemplar.
A começar pelo nome, toda a comunicação do Novo destina-se a convencer o eleitor de que ele é que representa a renovação. “Só o Novo é novo”, é o slogan do partido. O partido apresenta-se como defensor do liberalismo econômico e dono de regras que contrariam a política tradicional. Não usa recursos do Fundo Partidário, informa nas suas páginas que não usará “um centavo de dinheiro público nas eleições”. Aposta no financiamento coletivo como forma de obter recursos. O perfil dos fundadores do Novo é bem próximo do exibido por Amoêdo: empresários e profissionais liberais. De acordo com o partido, 22 de seus fundadores são administradores, 22 são engenheiros, 20 advogados.
O próximo alvo de Amoêdo na disputa é o eleitorado de Geraldo Alckmin, do PSDB. E pelas mesmas ferramentas das redes sociais. Enquanto Alckmin aposta nos seus cinco minutos e 32 segundos de TV, Amoêdo conta com os novos hábitos do brasileiro. De acordo com as estatísticas, 77% dos brasileiros usam as redes sociais para se informar. E as consultam em média 78 vezes, principalmente pelo celular. É um jeito novo de fazer política.