Implementação de novas tecnologias é necessária para manter competitividade brasileira, avalia professor da UnB
Para o professor da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em inovação, tecnologia e recursos, Antônio Isidro da Silva Filho, com a chegada gradativa dessa frente de produção, as empresas que não fizerem o processo de assimilação dessa nova maneira de se integrar aos mercados, vão perder participação no mercado. “É importante que as empresas nacionais se esforcem no sentido de encontrar caminhos, meios para as tecnologias digitais no setor produtivo”, diz.
Informações divulgadas pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) indicam que o surgimento da Indústria 4.0 transforma a produção industrial com novos procedimentos, produtos e modelos de negócios impensáveis há poucos anos, além de tornar os modelos convencionais de produção gradualmente ineficientes.
Nesse sentido, Antônio Isidro também explica que, como se tratam de tecnologias que rapidamente surgem e se inserem no mercado e na vida das pessoas, “a falta de mão de obra qualificada no mercado cria um atraso na geração e aumento da produtividade, sobretudo do país.”
Adaptação para o mercado internacional
Com a chegada das novas tecnologias, o setor industrial brasileiro precisa se reinventar para não ficar de fora do processo de competitividade do mercado internacional.
Dados que constam no Portal da CNI apontam que, de 24 setores da indústria brasileira, 14 precisam adotar com urgência estratégias de digitalização para se tornarem internacionalmente competitivos.
Para o diretor nacional de Operações do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Gustavo Leal, a indústria 4.0 se apropria das novas tecnologias de base digital e, com isso, há uma profunda mudança na forma da produção das coisas, gerando um profundo impacto no chão da fábrica. Por esse motivo, ele entende que é preciso qualificar os colaboradores e adaptá-los à nova tendência produtiva.
“Nós precisamos de estratégias muito bem definidas em relação à preparação de uma infraestrutura adequada para isso, principalmente no que diz respeito à conectividade, à velocidade de internet. Mas, talvez, o desafio principal seja a capacidade que o país venha a desenvolver de formar as pessoas com perfis competentes, adequados para esse novo patamar tecnológico”, avalia Leal.
Preparação técnica
Ainda segundo a CNI, 48% das grandes empresas brasileiras pretendem investir em tecnologias 4.0, em 2018. No entanto, a preparação dos colaboradores citada por Gustavo Leal precisa ser mais intensa e abrangente, como ele mesmo destaca.
“São dois grandes desafios. O primeiro é preparar o jovem para essa nova realidade. E o segundo, que talvez seja maior do que o primeiro, preparar um volume muito grande de pessoas adultas, trabalhadoras, que também vão precisar se requalificar para continuar incluído nessa nova onda produtiva”, afirma o especialista.
Entre os desafios, a CNI, por meio de um estudo que compõem propostas para os candidatos à Presidência da República, também destaca transformações na gestão empresarial. Por exemplo, a cooperação entre as áreas de Tecnologia da Informação e as de produção, e a necessidade que as empresas desenvolvam e/ou aperfeiçoem seus modelos de negócio, principalmente no que tange ao relacionamento com fornecedores e clientes.
Por Marquezan Araújo