Quando se fala em indústria 4.0, três tecnologias são peças-chave: inteligência artificial, internet das coisas e blockchain. Juntas, essas inovações têm impactado positivamente o mercado brasileiro de negócios e as relações profissionais. É em cima dessas três que muitas empresas poderão surfar na onda do aumento da produtividade e da competitividade.
Estimativas da empresa de consultoria em gestão Accenture apontam que a implementação das tecnologias ligadas à internet das coisas, por exemplo, deverá impactar o PIB brasileiro em aproximadamente US$ 39 bilhões, até 2030. O ganho pode alcançar US$ 210 bilhões, caso o País crie condições para acelerar a absorção das tecnologias relacionadas
Segundo o professor da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em inovação, tecnologia e recursos, Antônio Isidro da Silva Filho, é a inteligência artificial que tem substituído seres humanos em atividades e rotinas operacionais de baixa e média complexidade nas empresas. Apesar de parecer um prejuízo para o capital humano, o especialista garante que a inserção desse tipo de tecnologia potencializa a prestação de serviço.
“Isso significa basicamente que as empresas poderão ter um aumento de produtividade e de competitividade. A empresa passa a aproveitar melhor seu capital humano, deixando livre do trabalho rotineiro, operacional, que uma máquina pode fazer”, explica.
Outro exemplo de impacto real das novas tecnologias é a internet das coisas. Traduzindo, são os equipamentos usados no dia a dia que, integrados à internet, associados à inteligência artificial, ajudam pessoas e empresas a tomarem decisões. Por exemplo, uma empresa que presta serviço na área de segurança ou energia, pode fornecer ao cliente equipamentos que vão ajudar na gestão do consumo.
De forma eficiente, esse gasto pode gerar, inclusive, economia para o consumidor. “Então, a internet das coisas permitirá maior conectividade das pessoas, fazendo o melhor uso de recursos, com melhoria da tomada de decisões. Se você tem vários sistemas que são interconectados dentro de uma empresa, você poderá ter condições de ter números indicadores que vão te ajudar na melhor alocação de recursos, na hora de contratar, de fazer aquisição com fornecedor, melhor hora de aumentar a produtividade ou de diminuir um pouco a produção, caso o mercado não esteja absorvendo”, detalha Antônio Isidro.
E por último, ainda de acordo com o professor, a que mais se fala hoje em dia é a blockchain, a possibilidade por meio tecnológico de desburocratizar as relações de mercado, a partir das validações e segurança nas transações que as pessoas vão estabelecer no mercado. Antônio afirma que com esse tipo de tecnologia é possível, por exemplo, que cartórios deixem de ser um ente que valide as transações, as informações, os documentos que são transacionados no mercado. “A tecnologia Blockchain permite que você faça várias transações com nível de segurança muito alto”, garante o especialista.
Estar preparado para esse novo mundo da indústria 4.0 e conseguir absorver as novas tecnologias é motivo de preocupação para o setor produtivo. Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Propostas da Indústria para as eleições 2018 – Indústria 4.0 e Digitalização da Economia, aponta em 43 cadernos temáticos os desafios e as soluções para preparar o terreno para as mudanças. “A gente tem uma série de desafios de competitividade, vários passam por questões sistêmicas, por questões relacionadas ao custo Brasil, mas o que a gente defende é que avançar rapidamente rumo à indústria 4.0 permite ganhos em competitividade que são necessários para a indústria brasileira. Ou seja, a gente precisa tratar, obviamente, das questões sistêmicas, do custo Brasil, mas precisa avançar também nessa direção”, defende o gerente-executivo de Política Industrial da CNI, João Emílio Gonçalves.
Um dos desafios, inclusive, envolve a mão de obra qualificada. A recomendação do setor, incluída no estudo que foi enviado aos presidenciáveis, prevê o desenvolvimento de estratégias para a formação e requalificação de recursos humanos.
Por Camila Costa