Um dos principais direitos de todo cidadão brasileiro é o de estar livre para andar por todo o território nacional. Mas se observarmos alguns números, é possível entender que nem todos têm plenamente essa liberdade. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, mais de 45 milhões de pessoas tem algum tipo de deficiência, seja do tipo visual, auditiva, motora ou mental/intelectual. Isso corresponde a quase 24% da população no país. Mas é importante entender que as pessoas com qualquer tipo de deficiência têm seus próprios desejos e sonhos, como conta a Carla Maia, que é considerada tetraplégica, mas sempre buscou a superação.
“Eu costumo dizer que sou a primeira em tudo. Eu fui a primeira a tirar uma carteira [CNH] oficialmente aqui em Brasília; fui a primeira repórter de um jornal factual, uma jornalista; eu fui a primeira atleta com uma tetraplegia, do tênis de mesa paralímpico do Brasil, enfim. Eu acho que é não ter medo dos seus sonhos. Eu podia ter desistido antes de tentar, porque nunca antes de mim houve alguém que enfrentou essas coisas que eu fui a primeira. Deram coisa erradas? Dera! Teve coisas que eu não consegui? Teve. Mas olha o tanto de coisa que eu consegui, eu realizei meus sonhos!”.
Há dezoito anos, a filha da advogada Andrea Quadros foi vitima de um erro médico que a deixou com deficiência física e mental. Desde então, por meio do Instituto Ápice Down, Andrea luta por mais atenção à qualidade de vida dessa população.
“Eu levei um ano para entender mais ou menos o que estava acontecendo e perceber que deficiente, na verdade, é a nossa sociedade e não a minha filha. E daí eu percebi que não podia ficar naquele luto inicial, de não saber o que fazer, nem para onde ir, o que eu precisava era de alguma forma lutar para a verdadeira inclusão da pessoa com deficiência na sociedade, para que as pessoas com deficiência não viver sem à margem da sociedade, segregadas. E não o ‘coitadismo’, o ‘vitimismo’ ou aquela visão de piedade. Não é isso o que as pessoas com deficiência precisam e as suas respectivas famílias, é de um ambiente onde elas possam focar nas eficiências e não nas deficiências”.
Danilo Luz faz parte da coordenação de Saúde da Pessoa com Deficiência do Ministério da Saúde e dá algumas dicas de como a pessoa com deficiência pode encontrar o serviço de saúde mais próximo de casa.
“De maneira geral, o ideal é que sempre usuário ou no caso a pessoa deficiência, procure sua unidade básica de saúde. E procure saber qual é a referência dela para reabilitação. A gente tem, no site do Ministério da Saúde, uma página voltada para pessoa com deficiência onde tem a lista dos centros especializados em reabilitação, o endereço, o telefone, quais as modalidades de reabilitação que ela atende, se ele atende físico ou intelectual. Qual é o tipo de atendimento que ele presta. Bem como tem os contatos das Secretarias de Saúde. Se o usuário puder entrar em contato com a sua Secretaria de Saúde, ele pode se informar qual é o centro especializado em reabilitação ou na região de saúde”.
O Ministério da Saúde atua para melhorar e ampliar o acesso das pessoas com deficiência aos serviços de saúde pública. Em 2011, o Governo Federal instituiu o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – chamado Plano Viver Sem Limite, que tem como objetivo articular políticas para garantir a inclusão social, a acessibilidade, o acesso à educação e a atenção à saúde das pessoas com deficiência.
Reportagem, Janary Damacena.