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Descoberto no Brasil o mais antigo dinossauro de pescoço longo

 

Pesquisadores brasileiros acabam de publicar um estudo no periódico britânico BiologyLettersapresentando uma nova espécie de dinossauro descoberto no Brasil. O animal, que recebeu o nome de Macrocollumitaquii, foi descrito a partir de três esqueletos fossilizadosescavados em rochas triássicasdo município de Agudo, no interior do estado do Rio Grande do Sul. Além de estarem associados e muito bem preservados, os materiais representam a primeira ocorrência de esqueletos completos de dinossauros no Brasil.

Com cerca de 3,5 metros de comprimento, o que mais chama a atenção nesses animais é o pescoço bastante longo. Esta é uma das principais características do grupo de dinossauros que inclui os gigantes pescoçudos (os saurópodes), como Brachiosaurus e Apatosaurus. Um ponto importante acerca da nova descoberta é que Macrocollumitaquiié muito mais antigo do que qualquer outro dinossauro de pescoço longo já descrito, já que as rochas de onde os esqueletos foram escavados possuem cerca de 225 milhões de anos. Isso faz com que o novo dinossauro brasileiro passe a ser o mais antigo dinossauro de pescoço longo já descoberto. Essa idade também o torna muito especial, pois existia uma lacuna no registro fóssil de dinossauros, com vários esqueletos de idades um pouco mais antigas e um pouco mais recentes, mas aqueles com aproximadamente 225 milhões de anos são muito raros. Esse momento é importante para a história evolutiva dos dinossauros, porque ele antecede o período em que os dinossauros se tornaram dominantes em quase todo o planeta. Assim, o Macrocollumitaquii ajuda a entender como eram os dinossauros que antecederam esse momento e também quais características podem ter levado ao grande sucesso posterior do grupo.

A dentição do novo dinossauro indica que ele se alimentava de plantas. Deste modo, o pescoço longo pode ter permitido que os animais dessa espécie alcançassem a vegetação mais alta, a qual outros animais da mesma época não eram capazes de alcançar. Essa habilidade provavelmente foi uma das principais responsáveis pelo sucesso do grupo dossauropodomorfos (do qual o Macrocollumitaquii faz parte) durante a Era Mesozoica. Através do estudo da anatomia dos esqueletos também foi possível traçar como foi a evolução de determinadas características nossauropodomorfos. Utilizando como base fósseis de outros animais esse grupo no Rio Grande do Sul, mas de diferentes idades, os pesquisadores puderam concluir que durante um intervalo de oito milhões de anos, a dieta herbívora foi aprimorada no grupo, os sauropodomorfos cresceram significativamente e o pescoço tornou-se proporcionalmente duas vezes mais longo. Outra novidade revelada pelos esqueletos excepcionalmente bem preservados é que esses animais possivelmente andavam em grupos, um comportamento chamado de gregarismo. Essa também é a mais antiga evidencia desse tipo de comportamento em sauropodomorfos.

O nome “Macrocollum”significa pescoço longo, em referência a principal característica do animal. Já “itaquii” faz homenagem ao Sr. José Jerundino Machado Itaqui, que foi um dos principais responsáveis pela criação do Centro de Apoio a Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia, onde os fósseis do dinossauro estão depositados. Os esqueletos foram coletados no início de 2013 e passaram por um cuidadoso trabalho de preparação durante os últimos anos, com o objetivo de extraí-los da rocha em que seus restos foram preservados. Os pesquisadores responsáveis pelo estudo são Rodrigo Temp Müller (paleontólogo do Centro de Apoio a Pesquisa Paleontológica da Universidade Federal de Santa Maria), Max Cardoso Langer (Professor da Universidade de São Paulo) e Sérgio Dias da Silva (Professor da Universidade Federal de Santa Maria). Os fósseis da nova espécie ficarão depositados no Centro de Apoio a Pesquisa Paleontológica da Universidade Federal de Santa Maria, no município de São João do Polêsine, onde poderão ser visitados, tanto por pesquisadores como por quaisquer pessoas interessadas que queiram conhece-los.

 

Endereço eletrônico do periódico: http://rsbl.royalsocietypublishing.org/

Por Rodrigo Muller