Indústria brasileira tem pior resultado para março em 2 anos e termina 1º tri em queda
A produção industrial brasileira caiu no ritmo mais forte para março em dois anos, registrando o segundo trimestre seguido de contração, em uma economia que vem mostrando crescentes sinais de morosidade. Em março, a produção industrial caiu 1,3 por cento na comparação com o mês anterior, eliminando o ganho de 0,6 por cento de fevereiro, de acordo com os dados divulgados nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado foi pior do que a expectativa em pesquisa da Reuters de recuo de 0,7 por cento, e representou a maior queda para o mês de março desde um recuo de 2,5 por cento em 2017. Com isso, a indústria terminou o primeiro trimestre com contração de 0,7 por cento sobre o período anterior, depois de queda de 1,4 por cento nos três meses entre outubro e dezembro.
“A indústria está produzindo hoje o equivalente ao que produzia em janeiro de 2009, estamos num patamar de 10 anos atrás. De maneira geral, a indústria vem numa trajetória descendente desde meados do ano passado”, disse o gerente da pesquisa, André Macedo. Na comparação com o mesmo período do ano anterior, houve contração de 6,1 por cento em março, também pior do que a expectativa de perda de 4,6 por cento e a pior leitura para o mês em três anos nessa base de comparação.
O mês de março foi marcado por resultados negativos generalizadas entre as categorias econômicas, com exceção apenas de Bens de Capital, uma medida de investimento. A maior queda no mês foi vista entre os Bens de Consumo, de 2 por cento, enquanto os Bens Intermediários apresentaram recuo de 1,5 por cento.
A única taxa positiva foi em Bens de Capital, de 0,4 por cento, no segundo mês seguido de ganhos. Dos 26 ramos pesquisados, 16 tiveram perdas, sendo a principal influência negativa a queda de 4,9 por cento de produtos alimentícios. Também se destacaram as quedas de 3,2 por cento na produção de veículos automotores, reboques e carrocerias, e de 1,7 por cento em coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis. “O setor automotivo foi afetado pela menor exportação, paradas de algumas unidades e até a própria chuva que caiu em São Paulo afetou a produção em plantas por lá”, explicou Macedo, afirmando que o rompimento da barragem de rejeitos de mineração da Vale em Brumadinho (MG) em janeiro ainda se refletiu na queda da produção em março.
As expectativas do mercado para o crescimento econômico do Brasil vêm sofrendo sucessivas reduções, juntamente com a piora do cenário para a indústria. A pesquisa Focus mais recente do Banco Central mostrou que a expectativa para 2019 é de um crescimento da indústria 2 por cento, com previsão de expansão da economia de 1,70 por cento. “Temos problemas internos e externos. Há um elevado número de desempregados, um ambiente de incerteza que causa cautela de consumidores e de empresários na hora de fazer seus investimentos, e ainda tem o componente das exportações que também afetam a indústria com a crise na Argentina”, completou Macedo.