Graças a um trabalho que envolve muitos parceiros, entre os quais a Suzano, a região vem fortalecendo o protagonismo da mandioca na agricultura familiar
O cultivo de mandioca e a produção de farinha são atividades tradicionais no Extremo Sul da Bahia, mas nos últimos anos, o que era subsistência vem ganhando força e produzindo resultados cada vez mais expressivos. Exemplo disso é a produtividade obtida por agricultores que cultivam mandioca na região, que é o dobro da média do estado da Bahia.
Enquanto na Bahia a média é de 6 t/ha, no território Extremo Sul, que tem a participação de 11 municípios, a média é de 12 t/ha, mas já há na região produtores que chegam a quase 40 t/ha, segundo informação de Jeilly Vivianne, diretora executiva da Polímata, empresa de assistência técnica contratada pela Suzano para orientar a atividade no Extremo Sul. Isso é resultado de um trabalho iniciado em 2011 pela Suzano, por meio do Programa de Desenvolvimento Rural Territorial (PDRT), que fornece assistência técnica, treinamentos e orientação sobre gestão, produção e comercialização, a partir da contratação de consultoria especializada.
A iniciativa ganhou força em 2016, ao ser incorporada ao Plano de Ação Territorial (PAT) da Mandiocultura, apresentado no dia 13 de agosto em Teixeira de Freitas (BA), durante a abertura da Semana da Agricultura Familiar, realizada na Câmara Municipal. O PAT envolve 11 municípios: Alcobaça, Caravelas, Ibirapuã, Itamaraju, Prado, Teixeira de Freitas, Nova Viçosa, Mucuri, Jucuruçu, Medeiros Neto e Lajedão. Um dos objetivos do plano é ampliar em 40% a produtividade (t de raiz/ha) em áreas cultivadas por 57 agricultores familiares nesses municípios.
Para isso, foram selecionadas 23 variedades que estão sendo testadas e monitoradas no Maniveiro Guardião do PAT, localizado em Alcobaça. Entre as variedades testadas são destaque: Corrente, Formosa, Platina, Olho Roxo, Sergipe, Caipira e variedades de mesa. O processo de avaliação tem o apoio da Suzano, Associação de Canabrava, Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e Polímata. O objetivo é identificar as variedades que melhor se adaptam à região e multiplica-las a partir da instalação de 16 maniveiros e 10 Unidades Demonstrativas.
Elton Santiago, analista de Desenvolvimento Social da Suzano, destaca o crescimento da participação dos agricultores familiares no programa. “Quando iniciamos com o PDRT no Extremo Sul da Bahia, em 2011, tínhamos oito associações participantes. Hoje são 44 associações e uma cooperativa, envolvendo 1.600 famílias que se dedicam à produção de farinha e a outras atividades”. Ele salientou o papel do Centro de Referência em Mandiocultura, que vem capacitando os produtores no conceito da Farinheira Sustentável, reforçando os pilares ambiental, econômico e social. Por meio de formação teórica e de atividades práticas, a formação enfoca a adequação da produção e o aproveitamento de resíduos, o que é importante para obtenção de certificação sanitária e ampliação dos negócios associados à cadeia da mandioca.
Farinheira Sustentável
Um dos conceitos que vem sendo aplicados na região é o da Farinheira Sustentável, concebido com a participação de agricultores e o apoio da Suzano por meio das consultorias Polímata, Controller e Agrobiológika, da UFSB, Vigilância Sanitária e Secretaria de Meio Ambiente de Alcobaça. A iniciativa também tem o apoio do Ministério Público Estadual e do Banco do Nordeste (BNB), como financiador. A Farinheira Sustentável incorpora conceitos como aproveitamento de água da chuva, separação entre a área de recepção de mandioca e a área de beneficiamento, tratamento e reaproveitamento de resíduos, entre outros. Já há três unidades dessas em Alcobaça e 210 agricultores já participaram de cursos realizados no Centro de Referência da Mandiocultura, em Pouso Alegre, sobre adequação da produção a esse novo conceito. No momento, 50 farinheiras estão se adequando a esse novo conceito.
Destaque internacional
O projeto Farinheira Sustentável é um dos 25 selecionados em todo o mundo – entre 235 inscritos – para ser apresentado na Alemanha, no mês de setembro. A apresentação será na Conferência Interdisciplinar sobre Pesquisa em Agricultura Tropical e Subtropical, Gestão de Recursos Naturais e Desenvolvimento Rural (Tropentas). Um dos destaques do projeto é o reaproveitamento da manipueira (água de prensagem da mandioca) como fertilizante. Também há o reaproveitamento de cascas e galhos da maniva na produção de ração animal, entre outras aplicações.
Sobre o PAT Mandiocultura
O Plano de Ação Territorial da Mandiocultura é uma ação do Programa de Desenvolvimento Territorial do Banco do Nordeste (Prodeter) no Extremo Sul da Bahia. O programa foi construído de forma coletiva e contempla ações que envolvem a avaliação, produção e multiplicação de material genético, sistema de produção sustentável, capacitação de agricultores, comercialização, associativismo e financiamento, entre outras. A governança do programa é compartilhada e envolve também a Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), a Suzano/Polímata, UFSB, Ceplac, Prefeituras dos municípios participantes e outras instituições.