A cada novo ano, muitos buscam aconselhamentos para tentar mudar alguns padrões que se repetem em suas vidas, a maioria quer fazer diferente, mas não sabem como, e acabam se rendendo a autoajuda, alternativa que nunca em toda a história da humanidade foi tão consumida como agora. O alto nível de estresse e pressão psicológica que o mundo contemporâneo impõe gera um mal-estar generalizado, o que desencadeia uma forte procura por essa “ajuda”, já que os indivíduos não conseguem atingir metas e sonhos.
Porém, o filósofo e escritor Fabiano de Abreu alerta que essa “indústria da autoajuda”, por vezes, não tão confiável. Segundo ele, esse ramo pode ser uma ponte para o autoconhecimento, mas não deve ser encarada como uma muleta da vida. “O problema começa quando as pessoas dizem: esse ano eu quero fazer as coisas de uma forma diferente! Mas elas não sabem como e passam a acreditar cegamente em qualquer conselho vindo de fontes e profissionais aproveitadores, que visam mais o lucro do que o bem daqueles que se encontram em desespero”, analisa.
Para Fabiano, cada pessoa conta com um universo particular, e, portanto, umas terão mais dificuldade e outras mais facilidade para incutir novas iniciativas em suas vidas, mas há fortes limitações que as impedem de, efetivamente, mudar nossos padrões de comportamento. “Alguns se limitam por conta dos seus vícios fisiológicos, mentais, emocionais e até espirituais, que por vezes, os deixam perdidos e imobilizados, com medo do futuro e insatisfeitos com o presente”.
Apesar das críticas o filósofo não se desfaz da importância da autoajuda, mas defende que é preciso ter cautela ao usá-la. “Sem dúvida alguma existem excelentes profissionais nesse segmento, mas é preciso alertar a todos que, como em qualquer área de atuação profissional, na indústria da “autoajuda” também existem pessoas gananciosas que agem com má fé, apenas para se aproveitarem da fragilidade alheia”, conta.
Sendo assim, a escolha de quem seguir, quais livros ler e quem de fato escutar no ramo da autoajuda, deve ser uma decisão cautelosa e inteligente. Mas em muitos casos, a autoajuda pode estar em si mesmo e pode ser a melhor das alternativa. “Para quem se encontra perdido e sem saber como agir é extremamente difícil se tornar o seu próprio guru, mas não é impossível. Uma dose extra de persistência e dedicação podem ser determinantes para que possamos encontrar o nosso equilíbrio interno”, orienta fabiano.
Para se tornar o guru da própria vida, o filósofo aponta dez aspectos para trabalhar:
A era da internet veio para trazer facilidades, mas deixou a população preguiçosa. Com várias ferramentas que estão a disposição ao alcance de um clique, a possibilidade infinita de opções acabou causando uma confusão mental em muitas pessoas. “A enorme disponibilidade de profissionais e a infinidade de meios possíveis para se alcançar um fim acaba por limitar o nosso poder de escolha, e quando não conseguimos definir quais são as nossas reais necessidades, quando não conseguimos escolher qual caminho seguir, qual produto comprar, qual profissional escolher, é um sinal de que estamos sofrendo com a desmotivação”, analisa Fabiano.
Para combater a desmotivação é preciso investir em práticas diárias. O processo é particular, portanto, o que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra. “Para se motivar você terá que escolher fazer aquilo que você mais gosta logo nas primeiras horas do dia. Mas para alguns, a desmotivação é tão impactante em suas vidas, que eles nem sabem mais do que gostam de fato. Nesse caso será necessária uma ajuda profissional, de um psicólogo ou psicanalista credenciado”, recomenda.
Nenhum ser inerte evolui, por isso é preciso movimento para que a transformação ocorra, e assumir uma postura ativa diante da vida é indispensável para que a natureza possa seguir seu curso. “É preciso que aceitemos que a mudança também faz parte vida. Mesmo que estejamos parcialmente satisfeitos, sempre há algo para melhorar. A evolução é uma constante e deve constar em todos os aspectos na vida. Melhorar, evoluir, aperfeiçoar e reinventar deve ser o norte para que a vida faça sentido”, defende.
Para que haja reinvenção, o autoconhecimento deve ser cada vez mais aprofundado. “Ao refletir devemos nos concentrar em todos os aspectos da nossa vida: erros, acertos, comportamentos, caminhos traçados e seus resultados, alicerçado sempre à auto responsabilidade”, orienta o filósofo.
5. Idealize menos, realize mais
Todo idealismo confunde a realidade e interfere na sabedoria. De acordo com, o Fabiano o idealismo é uma ideia ingênua já que esconde a realidade que está embutida nos pormenores ou nas nuances e resultam num julgamento. “Diariamente precisamos colocar em prática pelo menos uma coisa que guardamos apenas no plano das ideias. O ideal é que busquemos realizar nosso projetos, mesmo que o medo do fracasso nos diga que temos poucas chances de êxito, porque a cada tentativa que pode parecer frustrada, há nova lições a adquirir”.
Quem julga demais deixa claro para o outro que não está aberto a aprender. Deve haver sempre a busca pelo lado bom na vida, assim, as chances de amenizar o sofrimento assola é maior. “Dessa forma, priorizamos a alegria e nossa mente se refresca para que possamos continuar nossa trajetória.Evite fazer muitos julgamentos e críticas, apenas observe e tire suas conclusões. Agindo assim, você consegue adquirir mais conhecimento e realizar suas metas”.
O filósofo aponta ainda que a razão do sofrimento de muitas pessoas, é que elas vivem uma vida de penitências e se agarram ao sofrimento dos outros como se fossem seus. “É importante ter uma visão apurada da realidade, e se você costuma cometer esse erro com você mesmo, que é sofrer com os erros dos outros, tente se ater a sua própria vida, ela é a que mais importa. De maneira alguma estou sugerindo que sejamos todos egoístas, mas que tenhamos certo a necessidade de cuidarmos, cada um, da sua própria vida, que já parece para muitos, um grande fardo”, explica.
A humildade é a facilidade que a pessoa tem de poder observar o mundo e aceitar que o outro têm muito a oferecer, assim como os erros também. “A pessoa humilde sabe que fazer o bem faz bem e utiliza da ação caridosa em proveito próprio. Não de maneira egoísta, mas de forma benevolente. Ela compreende o efeito curativo do bem, e sempre que sente uma forte insatisfação com a vida, corre até uma casa onde se realizam atividades sociais, se coloca a serviço, e quando retorna ao seu lar, sente-se reenergizada e agradecida pela vida que possui”, analisa.
“A insatisfação com a vida nasce na ausência de amor próprio. Muitos sabem disso, possuem total consciência de que não gostam da pessoa que se tornaram, mas não sabem o que fazer a respeito”, aponta Fabiano.
Segundo ele, para começar uma relação positiva consigo mesmo, o ideal é passar alguns momentos do dia sozinho, realizando atividades que agradem e cuidando do corpo e mente. Agindo assim, com persistência, aos poucos o amor-próprio vai nascendo e se torna abundante, garante o escritor.
Por fim a questão é fazer uma retrospectiva da vida com auto responsabilidade, assumir erros, acertos, competências e incompetências. “Acrescente uma grande dose de humildade para elencar os fatos com o máximo de realismo. Após reconhecer os pontos que devem ser mudados, crie metas para que possa seguir por um caminho diferente e se comprometa com objetivos pelos quais seja importante lutar. Não se deixe abater pelos obstáculos, enem pelas pessoas que te deixam ou já deixaram tristes”, recomenda Fabiano.
Segundo Fabiano cada pessoa que compõe a vida de um indivíduo trouxe ensinamentos valiosos. “Perdoe quem tiver que ser perdoado, e principalmente, se perdoe. Liberte-se de tudo que fala mal e aproveite tudo que os novos começos tem a oferecer”, recomenda.