FM NEWS

A Freqüência da Notícia

Cultura Destaques

Filha de Guarani e Tupiniquim, Deliane conta a história de sua linhagem indígena

“Moradora da região, Deliane relembra sua linhagem ancestral e fala da importância de manter a cultura viva”.

 

Redação Fm News

 

O Brasil é um território indígena, de norte a sul; de leste a oeste, em diferentes nações, os povos originários da terra já habitavam e cuidavam deste lar tão rico que é o nosso país. 

A equipe do Fm News, conheceu a história de Deliane, uma mulher indígena, filha de Guarani com Tupiniquim que viveu nas duas culturas e nos contou como foi a união de seus pais oriundos de tribos distintas.

Registro históricos demonstram que muitos antes da invasão de espanhóis e portugueses na América, por volta de 1500, as civilizações indígenas já formavam núcleos de povos, falavam o mesmo idioma, haviam desenvolvido um modo de ser que mantinha viva a memória de antigas tradições e se projetavam para o futuro, praticando uma agricultura muito produtiva, a qual gerava amplos excedentes que motivavam grandes festas e a distribuição dos produtos, conforme determinava a economia de reciprocidade. 

Devido ao entrosamento em cada núcleo cultural, diversas tribos não permitiam que houvesse casamentos e união entre tradições diferentes. Como é o exemplo das nações Guaranis e Tupiniquim, que habitavam na mesma região, abrangendo o norte do Espírito Santo, situadas no município de Aracruz, próximas a cidade de Santa Cruz, mas que guardavam suas tradições a sete chaves.

Deliane, conta que seus pais se conheceram, quando o pai Orleone da Silva foi visitar a tribo dos Tupiniquim e viu Eva Sebastião, mãe de Deliane. Após muita resistência das famílias, a aldeia Guarani aceitou Eva como parte da tribo, pois os dois já estavam namorando escondido. O casal teve cinco filhos e viveu boa parte da vida dentro da aldeia Guarani aprendendo os saberes ancestrais daquela cultura. 

Segundo Deliane, foi somente após a morte de seu pai, que a família necessitou migrar para a aldeia Tupiniquim, pois sua mãe Eva não tinha familiares dentro da cultura e com a morte de seu marido houve um distanciamento ainda maior. A família então se mudou para a aldeia Tupiniquim, onde mora toda a família de Eva e a partir daquele momento eles puderam ter contato com outra tradição que também faz parte de sua linhagem ancestral. 

“O bom dessa fusão de culturas indígenas, é que eu e meus irmãos tivemos contato com tradições não só diferentes como bem estruturadas, então eu sei falar Guarani e aprendi um pouco de Tupiniquim. Poder passar isso para os nossos filhos e netos é gratificante também (…) por isso, não podemos permitir, nenhum Brasileiro que apoiem quem quer o fim dos povos originários da terra, nossos territórios são sagrados e cuidamos dele, necessitamos dele para viver”. Deliane afirma em tom de desabafo.

Hoje esses povos vivem em união, para proteger as terras do genocídio e da mineração, fatores que colocam a vida dos povos indígenas frequentemente em risco.