Baianos tentam superar crise financeira com criatividade e guloseimas durante a pandemia; veja dicas para empreender
Os efeitos econômicos da pandemia de coronavírus são sentidos em todo o estado. Conheça algumas histórias de pessoas que estão buscando alternativas para manter o sustento da família.
Redação FM News
A crise econômica provocada pela pandemia de coronavírus está atingindo em cheio a vida dos baianos. Por causa disso, muita gente está buscando alternativas e utilizando a criatividade para manter o sustento da família.
Segundo cálculos da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), cerca de 31 mil trabalhadores podem ser demitidos este ano no estado. No comércio de Salvador, as perdas atingem pequenos e grandes empresários. Foram mais de 32 mil postos de trabalho com carteira assinada somente no mês de abril, de acordo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Ainda segundo o Caged, com exceção dos serviços domésticos, todos os segmentos da economia fecharam o mês de abril com saldos negativos no estado. O comércio teve a maior taxa de demissões, com o encerramento de 9.582 postos, seguido por alojamento e alimentação (-7.362 postos) e construção (-5.585 postos).
Diante deste cenário, é preciso coragem e criatividade dobrada. Para o economista e educador financeiro Edval Landulfo, também é de fundamental importância que os consumidores deem preferência para esses pequenos negócios. Ele reforça que a atitude é importante não apenas para ajudar as famílias, mas porque pequeno negócios têm papel relevante na retomada econômica no pós pandemia:
“Temos que pensar nesses pequenos empresários que terão papel fundamental na recuperação da economia depois da pandemia. As grandes empresas demoram mais para dar uma resposta em um cenário de crise, por isso é fundamental que os consumidores entendam a importância de comprar em pequenos negócios”, comenta.
Um exemplo é o da baiana Larissa Oliveira, que depois da pandemia percebeu a renda dos familiares diminuir até o ponto em que ela se viu buscando alternativas para complementar o sustento.
“Meu pai trabalhava com venda de filé e fazia entrega para restaurantes. Com essa pandemia, ele parou de vender porque esses estabelecimentos fecharam. Então a única renda da casa passou a ser meu BPS [Benefício de Prestação Continuada] e eu comecei a vender polpas de cupuaçu para ajudar no sustento da família”, explica.
Larissa conta que a situação nunca foi fácil mas piorou depois da pandemia. Ela é portadora de uma doença que causa fraqueza nos músculos e com o tempo também desenvolveu ansiedade, mas ressalta que está dando duro para o negócio prosperar. “Já estou até pretendendo ampliar os sabores disponíveis”, diz.
A empreendedora criou o perfil no Instagram @polpa_cupuacu, onde divulga o produto e também compartilha receitas com a fruta genuinamente brasileira. É possível aprender o preparado de bolo de cupuaçu, beijinho de cupuaçu, pudim e várias outras iguarias com a fruta.
Outro exemplo é o das amigas Lavínia Andrade e Ana Maria, que depois da crise da pandemia resolveram dar o pontapé inicial e começar um negócio de venda de doces e salgados. No Instagram, a página delas é @Gourmetizando com amor.
“Eu já tinha planos de abrir uma doceira com uma amiga, mas quando resolvemos abrir começou o problema da pandemia. Pensamos em desistir mas acabou surgindo uma encomenda. Esse foi o impulso inicial para começar. Tem sido minha única ocupação atualmente”, explica.
A jovem é estudante de enfermagem, mas depois dos decretos voltados para o isolamento social, ficou tendo aulas à distância e depois entrou em férias da faculdade. O maior tempo longe dos estudos também ajudou a começar o negócio.
Além disso, a estudante também precisou ajudar no sustento da família. O padrasto e a mãe, com quem ela mora, ficaram desempregados depois da pandemia. Por isso, a renda dos doces também ajuda nas contas de casa.
Ela entende que o desemprego está afetando a vida de muita gente, e diz que isso também afeta no valor final do que produz.
“Estamos tentando colocar preços mais baixos por conta da própria crise. Por isso temos pouco lucro. Para fazer o delivery temos a dificuldade de os motoboys estarem sendo bastante requisitados e os preços dos materiais também estarem mais caros”, conta.
Mesmo assim, ela acredita que o isolamento social ajudou na divulgação dos produtos, pois fez com que mais gente passasse a comprar no modelo delivery. E afirma que não vai parar. “Eu pretendo continuar com as encomendas mesmo depois que a pandemia acabar”.
Dicas
O especialista Edval Landulfo também enumerou algumas dicas para quem está começando agora. Confira abaixo:
- Diminuir a quantidade das porções vendidas;
- Trabalhar bastante com as redes sociais;
- Focar também na propaganda dentro do próprio bairro e bairros vizinhos, pois isso pode reforçar laços;
- Sempre buscar qualidade nos serviços e nos produtos;
- Usar a criatividade para desenvolver um diferencial para o produto;