Baiano do Extremo Sul ‘bomba’ nas redes sociais usando a comédia para contar a história de Maria Quitéria
Motorista por aplicativo e estudante de Engenharia Civil, Ivan Mesquita se intitula como ‘contador de histórias’ após ganhar mais de 20 mil seguidores misturando gírias locais a marco histórico da independência do Brasil na Bahia.
Redação FM News
O repente, o cordel e uma pitada de comédia. Um baiano de Canavieiras, cidade do extremo sul da Bahia, mas morador de Salvador, juntou as três receitas para fazer o que mais gosta: contar histórias.
Ivan Mesquita, de 30 anos, ficou conhecido nas redes sociais após fazer vídeos de receitas, surfe e comédia. O reconhecimento veio após a homenagem a Maria Quitéria, uma das grandes personagens da Independência do Brasil, na Bahia, comemorada na última quinta-feira (2).
“Contador de histórias, me intitulei poeta, cordelista. Então, eu trabalho de motorista por aplicativo e quando começou a quarentena, eu parei de trabalhar e estava sem ter muito o que fazer. Antigamente eu gravava uns vídeos mudos, deixava em câmera rápida e não falava nada. Aos poucos me deu uma ‘cara de pau’ de começar a falar nos vídeos e mudar um pouco o meu jeito de abordar”, disse o contador.
No vídeo criado por Ivan Mesquita, Maria Quitéria tem a história contada de uma forma diferente da apresentada nos livros de história. O uso de gírias baianas e referências inusitadas como Cachoeira do Edson Gomes, baianos comemorando a vitória contra os portugueses ao som de “Bora Bahia” e a música “Triste, louca ou Má”, da banda Francisco, El Hombre dão um tom especial.
“Essa música foi uma música muito importante para mim. A gente tem um machismo impregnado, infelizmente, e essa música abriu muito a minha mente. Sobre o Campo Grande [bairro no centro de Salvador], eu não botei aleatório, eu pesquisei onde foi. Aí eu pensei: A Bahia está lá comemorando e qual é o grito de guerra da Bahia? É o Bora Bahia”, explicou Ivan.
A ideia fez tanto sucesso que os cerca de seis mil seguidores de Ivan se somaram a mais 20 mil. Segundo Mesquita, a primeira mulher a fazer parte do Exército Brasileiro abriu a porta para homenagens a outras personagens mulheres, que devem ser homenageadas nas próximas semanas.
“Quando chegou agora no dia da Independência [do Brasil na Bahia], eu pensei em fazer sobre Maria Quitéria para valorizar mais a figura feminina e eu estou com a meta de fazer mais dois [vídeos] ou três. Vou fazer um de Maria Felipa e talvez um de Joana Angélica
“Tá ligado”, “Andando com os aliados”, “Tocando o terror”, “Ouvindo os burburinho”, “Cheia de ódio”, “Aquietar o facho” e “Meter o pé”. Todos esses “dialetos” baianos se misturam com a história real de Maria Quitéria e ajudam a, além de prender a atenção do público, garantir boas gargalhadas.
“Vai surgindo as ideias, eu vou incluindo e vou tentando fazer assim: pegar a história original e não sair muito dela. É tipo assim, vou sair três vezes, porque é o meu jeito de prender o público na comédia e voltar para a realidade da história”, contou Ivan.
“Meu grande lance é despertar a curiosidade do povo é fazer se questionar, ‘será que isso aconteceu mesmo, vou lá pesquisar’. A ideia não é ensinar tudo no meu vídeo, é para o povo criar perguntas: ‘Será que foi lá no Campo Grande mesmo?”, revelou.
O vocabulário usado no vídeo é o mesmo que o usado pelo também estudante de Engenharia Civil no dia a dia. “Às vezes eu vou escrevendo o texto e no meio da gravação vou improvisando e metendo outra coisa que acho que vai caber e aí vai fluindo a coisa”.
A repercussão do vídeo deixou ele surpreendido. Ivan contou que além dos elogios dos seguidores, ele recebeu comentários positivos de professores, juízes, grupo de militares.
“Eu achava que era um público que era contra, pelo dialeto, mas eles abraçaram a causa. Grupo de militares mandando mensagens, foi muito positivo o feedback. Mensagens de Portugal, Espanha e Irlanda”.
Após representar a vida da mulher que usou o nome do cunhado, ficando conhecida como soldado Medeiros, já que somente homens faziam parte do Exército, Ivan vai focar ainda mais na produção de novos conteúdos e, quem sabe, passar a viver contando histórias.