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Suzano está se preparando para lançar novos produtos renováveis e consolidar-se como empresa de biomateriais

 

Redação FM News 

Maior produtora de celulose de eucalipto do mundo, a Suzano está se preparando para lançar novos produtos renováveis e consolidar-se como empresa de biomateriais que vai além da cadeia de celulose e papel. A aplicação da nanocelulose na fabricação de tecidos e a obtenção de biopolímeros, que por enquanto combinam plástico e celulose, já são realidade nos projetos em desenvolvimento. Entre as grandes metas estabelecidas após a fusão com a Fibria, em janeiro do ano passado, a companhia pretende substituir 10 milhões de toneladas de plásticos e derivados do petróleo por produtos de origem renovável até 2030.

De acordo com o presidente da empresa, Walter Schalka, a Suzano já tem a tecnologia que possibilita a produção de biopolímeros com até 70% de celulose e 30% de plástico. Em outra frente, trabalha para produzir em escala comercial um tecido a partir da nanocelulose, que poderá substituir o poliéster ou o algodão, cujo processo produtivo consome volumes maiores de água. “Estamos trabalhando em diversas frentes e lançaremos produtos no mercado”, disse. Os prazos para cada projeto não são divulgados, mas, nos bastidores da indústria, a informação que circula é a de que a Suzano já tem projetos em fase bastante avançada.

A Suzano detém participação de 25% na startup finlandesa Spinnova, que opera uma unidade piloto de produção de fibras têxteis a partir da celulose, e fatia similar na americana Ensyn, que desenvolveu tecnologia de produção de biocombustíveis. Tem capacidade instalada em Limeira (SP) para produção de 20 mil toneladas por ano de lignina – a unidade de extração de lignina é pioneira na América do Sul e recebeu aportes de R$ 70 milhões. Tradicionalmente “queimada” como combustível nas fábricas de celulose, a lignina pode ser substituta de derivados do petróleo em diversos produtos e deu origem a nova linha de produtos da Suzano batizada Ecolig.

Além de abrir novos negócios, os esforços da Suzano na área de biomateriais estão diretamente relacionados à estratégia de sustentabilidade. Até 2030, adicionalmente à meta de substituição de plásticos, a companhia pretende remover 40 milhões de toneladas de carbono da atmosfera e tirar 200 mil pessoas da linha de pobreza nas comunidades em que está presente. A companhia assumiu ainda o compromisso de reduzir em 15% as emissões específicas de suas operações e em 70% o volume de resíduos destinados a aterros. Por outro lado, quer ampliar em 50% o volume de energia exportada para a rede brasileira. Em relação ao uso da água, a meta é aumentar a disponibilidade em 100% nas bacias hidrográficas críticas e reduzir em 15% o volume de água captada nas operações industriais.

As linhas gerais dessa estratégia foram apresentadas ao mercado e vão nortear a atuação da Suzano nos próximos anos, em um mundo cada vez mais rigoroso em relação às práticas socioambientais e de governança. No caso específico da indústria brasileira de celulose e papel, avalia Schalka, uma reputação sólida foi construída ao longo dos anos, transformando-a em referência internacional. “O Brasil é visto como modelo para outras indústrias”, comentou, acrescentando que o conjunto de empresas sob o guarda-chuva da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) tem esse status.

Além de estar há anos atenta à questão ambiental, a maior parte dos produtores locais opera com a certificação FSC (do inglês Forest Stewardship Council), que funciona como um selo de sustentabilidade. Conforme Schalka, essa é uma vantagem da indústria sobre outros setores neste momento em que a imagem ambiental do Brasil está arranhada no mercado internacional.

“Vejo pouco risco de efeito direto disso para o setor de base florestal. A indústria é referência não só pelo conjunto de iniciativas históricas que trouxeram credibilidade, mas pelas áreas de preservação que hoje são mantidas”, afirmou. Indiretamente, porém, a indústria poderia ser afetada caso os investidores estrangeiros decidam deixar de colocar recursos em países que não têm uma prática ambiental sustentável. “Mas isso atingiria o país de forma geral, não só o setor”, observou.