Um ano após chegada de manchas de óleo, biodiversidade marinha na Bahia ainda sofre com danos
Em Itacimirim, litoral norte baiano, ainda é possível ver pequenas manchas pretas na areia.
Redação FM News
Biólogos mapearam os danos provocados pelo vazamento de óleo que atingiu o litoral brasileiro no ano passado. Na Bahia, as manchas chegaram em outubro de 2019 e a biodiversidade marinha sofre até hoje.
Na praia de Itacimirim, que fica no litoral norte da Bahia, e pertence ao município de Camaçari, não é preciso andar muito pra perceber pequenas manchas pretas na areia. Basta cavar um pouco para encontrar mais.
“Dá pra ver bem que é um coral. Ele tem uma incrustação, uma pasta preta, que é petróleo. Essa área toda, toda essa imediação da praia, embaixo dessa areia tem uma placa muito grande de petróleo ainda pra ser retirada”, explica o ambientalista Maurício Cardim.
Segundo o especialista, a estimativa é que ainda tenha entre 30 a 50 toneladas em Itacimirim.
O petróleo sob a areia é o que restou das primeiras manchas de óleo que surgiram no litoral nordestino, em agosto do ano passado, e chegaram a mais de mil localidades do Nordeste e Sudeste. Este ano, voltaram a aparecer, em menor quantidade, em Salvador, Morro de São Paulo, no baixo sul da Bahia, e no litoral norte, área mais atingida no estado.
“Este daqui é o maior recife costeiro do litoral norte baiano. Antes da chegada do óleo, era comum encontrar peixes, estrelas do mar e outros animais coloridos nessas pocinhas d’água. Hoje, a gente quase não vê esses animais por aqui. E esse verde todo que parece tão bonito, na verdade, é resultado de um grande desequilíbrio ambiental”, disse o ambientalista Maurício Cardim.
“Essa quantidade de algas aqui ela está aumentando. Isso é porque as pinaúnas [ouriço-do-mar] desapareceram. Essa era uma área que tinha bastante pinaúna e elas se alimentam dessa alga. Então, na ausência dessa pinaúna que acontece, a água começa a começar a se proliferar e começa a ocupar o espaço de outros organismos”, detalhou Francisco Kelmo, diretor do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba).
Kelmo monitora, há 25 anos, as principais praias do litoral norte baiano, registrando a diversidade e a quantidade de animais que habitam as praias da região. Segundo ele, depois da chegada do óleo, houve uma queda de 80% na biodiversidade de espécies e redução também na quantidade de animais vivos por metro quadrado de praia. O número passou de 446 para 77 animais.
“Ao longo prazo, o animal que foi contaminado, mas não morreu, sofre os efeitos biológicos dessa contaminação. E uma das coisas