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Preço de alimentos deve continuar alto em 2021

 

No ano passado, os alimentos ficaram mais caros. As frutas tiveram um aumento de 20%. E pode preparar o bolso: em 2021 os preços não devem baixar.

A inflação de alimentação e bebidas acumulou alta de 14,36% em 2020, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) anunciado no início de janeiro pelo IBGE. Ao longo do ano passado, itens tradicionalmente consumidos no país tiveram uma alta significativa nos custos, como são emblemáticos os casos do óleo de soja (+ 103,79%) e o do arroz (+ 76,01%).

Oficialmente, o IPCA, um indicador que mede o aumento do custo de vida no país e é usado como base para o reajuste de salários, subiu em 4,52%. Isso significa que, em média, todos os principais grupos de despesas da população brasileira, como comida, educação e saúde, entre outros, tiveram um aumento de preços nessa faixa. Esse índice está dentro da meta do governo federal, que estimava um crescimento da inflação em torno de 4%, e leva a crer que a economia do país está aparentemente sob controle, a despeito da crise desencadeada pela pandemia do coronavírus.

Mas esse cenário de estabilidade pode não passar de uma miragem no árido terreno que se tornou o Brasil após a chegada da Covid-19. Esmiuçados, os números aferidos no IPCA mostram que o aumento do custo de vida, puxado numa ponta pela elevação no preço de alimentos e bebidas, só não foi maior porque, em outra ponta, os valores de outros itens caíram ou permaneceram estáveis, enquanto ocorria o fechamento de serviços não-essenciais para deter a transmissão da doença pelo país.

“O IPCA [acumulado em 2020] é totalmente irreal”, afirma o cientista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) , Rafael Moreira Claro, que estuda o impacto da variação de preços sobre o maior ou menor consumo de certos alimentos. “A inflação de 2020 deveria estar em 9%, por aí, não fosse a deflação em grupos como vestuário e o represamento de outros grupos, como o de transporte. É notável o aumento de preço de alimentos nos supermercados de forma perceptível e a olho nu”, ele acrescenta.

Os preços do grupo de itens de vestuário recrudesceram em 1,13% em 2020, segundo o IBGE. Ao lado dele, os custos de transportes, saúde e cuidados pessoais, educação e outras despesas pessoais permaneceram praticamente estáveis, aumentando em pouco mais de 1%. Como o IPCA é calculado pela média do conjunto dos principais gastos da população, a pequena diferença em alguns grupos ajudou a puxar o indicativo oficial de inflação para baixo.

Além disso, em 2020, a pandemia serviu como desculpa para o fechamento das feiras-livres, sob o argumento de evitar aglomerações, ainda que as vendas ocorressem ao ar livre. E a propagação da Covid-19 também interrompeu a circulação de certas mercadorias e fez com que comerciantes adquirissem menos produtos, em razão da menor quantidade de pessoas nas ruas.

Esses foram alguns dos motivos que mais influenciaram o preço de alimentos como frutas e hortaliças no primeiro semestre do ano passado, de acordo com uma avaliação feita pela Conab a pedido desta reportagem. No segundo semestre, há naturalmente uma queda na oferta dos dois grupos de alimentos por consequência da transição da safra, que, além de tudo, sofreu com uma piora das condições climáticas, segundo a análise da companhia.

A previsão é de que, no ano em curso, o mau tempo não se repita, embora não haja muita certeza a respeito. “O movimento de preços das principais hortaliças e frutas em 2021 responderá à sazonalidade, característica de cada cultura, aos níveis de demanda, bem como às condições climáticas. Assim, esse conjunto de fatores ditará a oferta e, consequentemente, as oscilações de preços”, afirma, em nota, a Gerência de Estudos do Mercado Hortigranjeiro da Conab.

 

Fonte: O joio e o trigo