O Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) concedeu o selo de Indicação Geográfica (IG) ao Café Montanhas do Espírito Santo, na categoria de Denominação de Origem (DO). A conquista foi registrada na revista do Inpi, publicada essa semana. O pedido da IG foi realizado em dezembro de 2019 pela Associação de Produtores de Cafés Especiais das Montanhas do Espírito Santo (Acemes).
A conquista da IG possibilita promover a sustentabilidade e a competitividade da atividade cafeeira, além de fortalecer o território e levar benefícios econômicos para os habitantes da região. A IG de Denominação de Origem contempla os cafés produzidos nos municípios de Afonso Cláudio, Alfredo Chaves, Brejetuba, Castelo, Conceição do Castelo, Domingos Martins, Iconha, Itaguaçu, Itarana, Marechal Floriano, Rio Novo do Sul, Santa Maria de Jetibá, Santa Teresa, Santa Leopoldina, Vargem Alta e Venda Nova do Imigrante.
A documentação apresentada para a concessão da IG foi baseada em trabalhos científicos realizados na região de sua abrangência e conclui que as temperaturas amenas das Montanhas do Espírito Santo permitem que o amadurecimento dos frutos do café ocorra de forma mais gradativa.
Temperaturas médias anuais de 18 a 22ºC, altitudes entre 500 a 1.400 metros e pluviosidade média anual entre 1.000 e 1.600 milímetros possibilitam melhores condições para que a planta sintetize substâncias importantes para maior expressão dos aromas e sabores dos cafés específicos da região. A IG constata ainda que os fatores humanos ligados à herança familiar e cultural diversa, bem como características de cultivo e pós-colheita do café influenciam nas características sensoriais do café produzido nas Montanhas do Estado.
O presidente da Acemes e produtor de café, Rodrigo da Silva Dias, destacou que a conquista da IG agrega valor ao produto e reconhecimento dos agricultores e da região. “O selo garante a produção com rastreabilidade e origem controlada. Também assegura que o café foi produzido de acordo com as normas do Caderno de Especificações Técnicas elaborado pelas instituições parceiras, o que confere ainda maior segurança para o consumidor. Certamente vamos alavancar o agroturismo dos 16 municípios que fazem parte da região da IG”, completou.
O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), desenvolve trabalhos de melhoria da qualidade e da produtividade do café arábica na região das Montanhas do Espírito Santo há mais de 20 anos. Entre as atuações estão: o desenvolvimento de técnicas para o cultivo com sustentabilidade e para o processamento de pós-colheita; caracterização dos diferentes aromas, sabores e nuances dos cafés da região; e o desenvolvimento de cultivares de café selecionados ou que passaram por melhoramento genético.
“Importante conquista para a cafeicultura capixaba. Sem dúvidas, esse reconhecimento vai contribuir para a promoção e valorização do Espírito Santo no cenário nacional e internacional. É qualidade no campo e na xícara”, ressaltou o secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, Paulo Foletto.
Para o pesquisador do Incaper, Maurício Fornazier, a riqueza de atributos do Café Montanhas do Espírito Santo e o sistema produtivo consideravelmente artesanal, apresentam condições de Denominação de Origem que certamente irão contribuir para a valorização do café da região.
“Espera-se que com a Indicação Geográfica, na modalidade Denominação de Origem, exista a possibilidade de promover a região das Montanhas do Espírito Santo, conduzindo-a no rumo da trajetória da sustentabilidade socioeconômica de toda a população, fundamentada na cafeicultura ecologicamente adequada aos estratos ambientais, fazendo com que suas relações comerciais sejam de muita prosperidade”, frisou Fornazier.
Mobilização para implantação da IG
A mobilização para construção do projeto de implantação da IG Café Montanhas do Espírito Santo foi iniciada em 2016 e contou com a coparticipação de diversos atores sociais e organizações. O Incaper, representado por diversos servidores, atuou diretamente para a conquista da IG, junto à Acemes; o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes); o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae); o Instituto de Inovação e Tecnologias Sustentáveis (Inovates); e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac).
O grupo buscou retratar o cenário histórico e contemporâneo das Montanhas do Espírito Santo como abordagem orientadora, bem como auxiliar à solicitação de reconhecimento formal de ser um território potencial para produção de cafés diferenciados e com valor econômico e cultural agregados.
Texto: Andreia Ferreira