O quadro Fala Pescador desta edição, compartilha mais  uma história de um pescador da região do extremo sul baiano, agora com Fabinho de Caravelas, município pertencente a costa das baleias. Fabinho se disponibilizou a redação Onda Verde para falar da sua trajetória na pesca, como foi o início e quais são os desafios da profissão.

Fabinho conta que seu início na pesca se deu de forma natural, através de sua linhagem familiar pescadora que o ensinou sobre os segredos do mar. “Eu fui aprendendo ao ver meu pai sair para pescar, as vezes ele me levava junto, muitas vezes só de estar ali do lado eu já estava absorvendo o aprendizado na prática, né?!”, “Com o tempo fui crescendo e vendo que era isso que eu queria fazer, já tinha em mente que quando eu fizesse 18 anos, tiraria a habilitação para pilotar embarcações e seguiria os caminhos do meu pai e assim foi”.

Segundo as histórias de pescador, o mar tem o poder de revelar tudo, onde está o alimento, qual o melhor caminho, onde e como é possível fazer a pesca e principalmente, o mar ensina a como ter respeito com esse ambiente desconhecido para os seres humanos devido a sua vastidão.

“No mar a gente pode sentir tudo, já tive experiências de ficar até 6 dias no mar pescando, ao mesmo tempo que é super desgastante, é um momento de conexão direta com a natureza, e que ensina pra gente muitas coisas do tipo como e onde pescar, qual técnica usar, qual o peixe ideal para ficar naquela maré e localização, enfim… o mar ensina o tempo todo”.

Além disso, Fabinho conta que foi através da pesca que ele pode criar e educar seus filhos, por isso a gratidão imensa pela profissão, que hoje um de seus filhos decidiram seguir, assim como seu pai, avô e antepassados.

“Eu tenho a impressão as vezes que a pesca está acabando, hoje em dia as coisas são muito mais difíceis que antigamente, nós tempos que nos esforçar o dobro para conseguir a mesma ou até menos quantidade de peixe que há 20 anos atrás, por exemplo. Mas mesmo assim, eu fico muito feliz em saber que um filho meu quer seguir a minha profissão, porque eu sei que é uma tradição sabe?! Uma cultura da nossa região e que vai ficar de legado aos que virão”.

O pescador de Caravelas explica que como tudo, a profissão tem seus desafios, como hoje a pesca ilegal que atrapalha bastante a vida das famílias que tiram seus sustento disso, dos inúmeros dias mar a dentro, da escassez cada vez mais presente no mar devido as causas ambientais e a falta de reconhecimento, apoio e fomento dos órgãos públicos, que amam comer peixe, mas não auxiliam os profissionais em suas jornadas.

“As dificuldades são muitas, mas mesmo assim como disse antes, eu nunca pararia de pescar por isso ou aquilo e jamais diria aos meus familiares abandonarem a profissão. Sabemos das dificuldades e desafios, mas a pesca é muito maior que isso, é sobre amor também”. Finaliza Fabinho.

Histórias do quadro Fala Pescador, vem para nos alertar sobre as mudanças climáticas, como esse fator vem mudando a vida de comunidades tradicionais no Brasil e ao redor do mundo e vem também para inspirar, pois é justamente sobre trabalhar com o que se ama e não necessariamente sobre o dinheiro. Ouça a entrevista na íntegra.

Foto: Mariluze Muniz / Vanilson Teixeira

Reportagem Selton Canhestro

// Redação Onda Verde