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ONU Mulheres inicia campanha de 16 dias de ativismo contra violência de gênero

 

A ONU Mulheres inicia este 25 de novembro uma campanha internacional contra a violência de gênero para marcar o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres.

As ações seguem por 16 dias até 10 de dezembro, quando é marcado o Dia dos Direitos Humanos. Desde 1991, essa campanha atua para prevenção e eliminação da violência contra mulheres e meninas.

Pandemia e violência

Durante a pandemia, os números de violência doméstica dispararam no mundo. Um novo relatório da ONU Mulheres mostra que 2 em cada 3 mulheres relataram sofrer ou conhecer alguém que sofre algum tipo de violência. Apenas 10% denunciaram as agressões.

No Brasil, dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos revelam mais de 100 mil casos de violência contra mulher desde então.

Renata Rizzi, fundadora da iniciativa Utopiar, marca de roupas femininas sediada em São Paulo que ensina técnicas têxteis a mulheres que sofreram violência doméstica, contou à ONU News que aumentou o número de pessoas buscando ajuda.

“Certamente o número de violência doméstica subiu no Brasil. A gente tem uma lista de espera de mulheres para entrar na Utopiar. Principalmente no começo da quarentena, foi muito difícil. A Prefeitura suspendeu os atendimentos presenciais a não ser em casos urgentes, daí funcionava o abrigamento sigiloso. As mulheres estavam passando mais tempo em casa com o agressor num momento de incerteza. Meu celular tocava de madrugada com gente pedindo ajuda.”

O projeto apoia as vítimas principalmente a conquistarem independência financeira e encontrarem acolhimento.

“Em pouco tempo ficou evidente que mais do que a geração de renda, [era necessário] o resgate da autoestima. São mulheres que ouviram por muito tempo que são inúteis, incapazes, feias, burras… e elas realmente começam a acreditar nisso. Quando a gente entra com as oficinas de capacitação e elas começam a produzir peças super bonitas e veem que são capazes de aprender coisas novas, vai tendo esse resgate da pessoa”.

Renata Rizzi destacou também que as mulheres têm dificuldade em romper o chamado “ciclo da violência” principalmente porque o assunto ainda é um tabu na sociedade e as vítimas são frequentemente culpabilizadas pela violência.

“A violência doméstica é um tabu. Quando você vai contar para alguém, é novamente violentada e questionada ‘como você deixa ele fazer isso com você?’, quase como se a mulher fosse responsável pela violência que sofre. Então muitas vezes elas não falam sobre o assunto. Daí, durante as oficinas da Utopiar, elas vão se conectando e falam. Às vezes, são histórias muito diferentes, mas muito parecidas, e elas vão se reconhecendo nas histórias umas das outras”

A iniciativa já ajudou mais de 60 mulheres com as oficinas e gerou mais de R$ 50 mil para as participantes.

Para os dias de ativismo da ONU Mulheres, a marca reverterá as vendas do dia 24 de novembro para a ONG Casa Mariás, que oferece apoio psicológico, jurídico e abrigamento sigiloso para pessoas em situação de violência doméstica.

O objetivo da empresa é transformar a vida de 5 mil mulheres nos próximos 10 anos no país, que ocupa a 5ª colocação entre 83 nações com o maior número de crimes contra as mulheres, de acordo com o Mapa da Violência, organizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais.

Eventos

A iniciativa da ONU Mulheres completa três décadas de mobilização internacional neste ano. Em todo o mundo, as Nações Unidas estão abordando o tema: “Pinte o mundo de laranja: fim da violência contra as mulheres, agora!”.

Entidades civis de todo o mundo são convidadas a engajar na data e promover ações e eventos para dar visibilidade ao assunto. O mapa de ações pode ser consultado no site global da campanha – em inglês.