Com o avanço da variante Ômicron, o Brasil está registrando sucessivos recordes na taxa de transmissão da Covid-19. Na última semana, de 16 a 23 de janeiro, a taxa de contágio chegou a 1.78, o maior valor desde janeiro de 2021. Já a transmissão do novo coronavírus em São Paulo atingiu 1.79, a maior taxa para a capital paulista desde que os dados foram computados. Isso significa que cada 100 pessoas infectadas transmitem a Covid-19 para outras 179.
Os dados são de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp), que produzem o Info Tracker, responsável por monitorar o avanço e o ritmo de contaminação da doença no país. O matemático e coordenador da plataforma, Wallace Casaca, afirmou em entrevista nesta quarta-feira (26) que a velocidade de transmissão da variante Ômicron é algo sem precedentes na comunidade científica.
“Nós pesquisadores e toda a comunidade cientifica, até então, nunca tínhamos registrado uma capacidade de disseminação do vírus tal como a Covid na manifestação da Ômicron. Ela realmente consegue extrapolar outras doenças altamente infecciosas como o sarampo”, afirmou.
O pesquisador avaliou que a alta no número de casos da Covid-19 é algo que vem sendo observado em todo o mundo e que “quase todos os países do mundo estão enfrentando esse avanço da Ômicron, isso também é algo sem precedentes que nunca observamos antes”.
De acordo com Casaca, há estudos científicos que estão sendo formulados e já postulam em afirmar que “a Covid na manifestação da Ômicron é sim aquilo que a gente conhece de mais infeccioso que já observamos em vida”.
O pesquisador afirma que a prioridade deve ser quebrar a cadeia de transmissão, já que fazendo isso será possível evitar todos os outros desdobramentos do alto número de contágios, como o aumento na curva de internações e óbitos. “Temos que pensar sempre na transmissão da Covid como se fosse uma cadeia de eventos”, disse.
No entanto, segundo o matemático, a expectativa é de que a taxa de transmissão comece a diminuir gradativamente ainda em fevereiro. “Os casos ainda vão aumentar, mas de forma mais desacelerada, ou seja, incrementos cada vez menores de um dia para o outro”, avaliou Casaca.
O matemático considerou que uma queda na taxa de contágio não necessariamente representa um decréscimo no número de novos casos. “Enquanto a taxa estiver acima de um, sempre vai ter aumento de casos. O declínio de casos só vem com a taxa de transmissão abaixo de um”, ressaltou.
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