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Casos de ansiedade e depressão cresceram 25% durante pandemia, diz OMS

 

No primeiro ano da pandemia de Covid-19, a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou 25%, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). O levantamento, divulgado nesta quarta-feira (2), destaca que jovens e mulheres foram os mais atingidos.

“As informações que temos agora sobre o impacto da Covid-19 na saúde mental pelo mundo são apenas a ponta do iceberg”, disse Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS. “Este é um alerta para que todos os países prestem mais atenção à saúde mental e façam um trabalho melhor no apoio à saúde mental de suas populações”, completou.

Fatores nocivos à saúde mental

Uma das principais explicações para o aumento da prevalência é o estresse sem precedentes causado pelo isolamento social decorrente da pandemia. Com as restrições, somaram-se a perda de emprego, de vínculo com parentes e amigos e dificuldades no envolvimento com a comunidade.

A solidão, medo de infecção, sofrimento e morte de entes queridos, intensificação do luto e preocupações financeiras também foram citados como fatores que levam à ansiedade e à depressão.

Entre os profissionais de saúde, a exaustão tem sido um gatilho para desencadeamento de quadros mais graves de saúde mental.

Um estudo liderado pelas universidades do Chile e da Colômbia revelou que trabalhadores de saúde de 11 países latino-americanos apresentam altas taxas de sintomas depressivos e outros prejuízos para a saúde mental. De acordo com o relatório, entre 14,7% e 22% dos profissionais entrevistados em 2020 apresentaram sintomas que levaram à suspeita de um episódio depressivo.

Jovens e mulheres são os mais atingidos

O levantamento da OMS tem como base a revisão abrangente das evidências disponíveis sobre o impacto da Covid-19 na saúde mental e nos serviços de atendimento, incluindo estimativas do mais recente estudo Global Burden of Disease.

O documento mostra que a pandemia afetou principalmente a saúde mental de jovens e que eles correm um risco desproporcional de desenvolvimento de comportamentos considerados nocivos. As mulheres também foram mais impactadas do que os homens. Além disso, pessoas com condições de saúde física pré-existentes, como asma, câncer e doenças cardíacas, se mostraram mais propensas a desenvolver sintomas de transtornos mentais.

Os dados sugerem que pessoas com transtornos mentais não parecem ser desproporcionalmente vulneráveis ​​à infecção pela Covid-19. No entanto, quando infectadas, elas são mais propensas a sofrer hospitalização, doença grave e morte em comparação com pessoas sem os transtornos. Aquelas com quadros mais graves, como psicoses, e jovens com transtornos mentais, estão particularmente em risco, segundo a OMS.

Lacunas no cuidado

O aumento na prevalência de problemas de saúde mental coincidiu com graves interrupções nos serviços destinado a esse público, deixando enormes lacunas no atendimento. Durante grande parte da pandemia, os serviços voltados para o cuidado mental, neurológico e de redução no uso de substâncias químicas foram os que mais sofreram com interrupção entre os serviços essenciais.

A OMS aponta que muitos países relataram longas interrupções nos serviços de saúde mental, inclusive aqueles voltados à prevenção do suicídio.

Embora a situação tenha melhorado no final de 2021, ainda hoje há dificuldades para o acesso aos cuidados e apoio necessários, principalmente para o diagnóstico de novos casos de depressão e ansiedade.

A OMS destaca que o aumento da disponibilidade de atendimento online sinaliza a necessidade de ampliar o acesso da população às ferramentas digitais, que continua sendo um grande desafio em países e localidades com recursos limitados.

O grupo de trabalho da OMS cobra o investimento global na saúde mental. O mais recente Atlas de Saúde Mental da OMS mostrou que, em 2020, os governos em todo o mundo gastaram em média pouco mais de 2% de seus orçamentos de saúde na área e muitos países de baixa renda relataram ter menos de 1 profissional de saúde mental por 100.000 pessoas.

“Embora a pandemia tenha gerado interesse e preocupação pela saúde mental, também revelou um subinvestimento histórico nos serviços de saúde mental. Os países devem agir com urgência para garantir que o apoio à saúde mental esteja disponível para todos”, disse Dévora Kestel, diretora do Departamento de Saúde Mental e Uso de Substâncias da OMS.

// Organização Mundial da Saúde