“A violência política contra a mulher é o principal motivo de sub-representação feminina na política”. Foi o que falou à ONU News a secretária nacional de Políticas para Mulheres, Cristiane Britto.
Em Nova Iorque, a representante participou na 66ª sessão da Comissão sobre o Estatuto da Mulher, a CSW. A secretária brasileira destacou leis e projetos que estão sendo implementados para fomentar a presença de mais mulheres nas casas parlamentares do país.
Representatividade
“Nós tivemos um grande avanço legislativo, que criminaliza a violência política contra a mulher, inclusive por meio de práticas virtuais. A grande expectativa é que seja uma lei modelo para o mundo todo. Agora, em 2022, teremos a primeira eleição que essa lei vai ser colocada em prática”
Segundo Cristiane Britto, nas eleições agendadas para outubro de 2022, o país espera assegurar 20% de cadeiras legislativas para mulheres.
Hoje, de acordo com a União Interparlamentar, o país tem menos de 15% na Câmara dos Deputados e 17% no Senado Federal. Os números colocam o Brasil na 145ª colocação no ranking, que avalia cerca de 200 nações.
A secretária nacional fez um apelo às mulheres brasileiras para participarem da “vida partidária” e do âmbito político.
Cristiane Britto explicou que os projetos atuais da pasta buscam ampliar a participação feminina nos espaços de poder, seja como candidatas ou como apoiadoras de candidaturas de mulheres.
Políticas para mulheres
De acordo com a secretária, nos últimos anos o Brasil vem buscando a inserção de mais mulheres em postos majoritariamente ocupados por homens. Entre os exemplos estão setores como a ciência e posições de alto escalão do governo.
Além do âmbito político, ela também destacou que o país vem integrando mulheres refugiadas por meio da implementação de políticas públicas. Cristiane Britto citou o trabalho feito com as venezuelanas, mas também com a recepção mais recente de afegãs e ucranianas. Segundo dados do governo brasileiro, país já recebeu mais de 800 ucranianos.
“O Brasil já fez oferta de visto humanitário para as ucranianas, temos essa tradição. O Brasil está disponível para a busca de soluções diplomática e recebemos recentemente as mulheres do Afeganistão, as juízas especificamente, que já estão inclusive trabalhando no nosso país”
O país recebeu um grupo de mulheres afegãs juízas que vinham sendo ameaçadas desde que o Talibã tomou o poder, em agosto de 2021.
Além da violência, os efeitos econômicos no país levaram ao fechamento de mais de 500 mil postos de trabalho, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho, OIT.
Espaço da mulher brasileira
Na agenda da comitiva brasileira para o CSW, a ministra Damares Alves e a secretária Cristiane Britto também estiveram na inauguração do Espaço da Mulher Brasileira no consulado do país em Nova Iorque.
Além do foco nas vítimas de violência doméstica, o projeto busca acolher mulheres que possuem qualquer necessidade de serviços consulares e aconselhamento jurídico.
Sobre a iniciativa, Cristiane Britto destacou que inclusive mulheres em situação irregular nos Estados Unidos e na Itália, outro país que possui o espaço, podem buscar auxílio.
Em junho de 2021, o consulado também disponibilizou uma linha com funcionamento ininterrupto, no qual as vítimas podem buscar acolhimento inicial e orientações para que possam superar episódios de agressão. O serviço é ofertado em português.
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