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Pescadora desde pequena, Madalena compartilha sua trajetória no “Fala Pescador”

 

Quem acompanha o Onda verde, já sabe: toda quinta-feira tem história de pescador.  São diferentes aventuras, dificuldades da profissão e principalmente o amor excepcional que cada um tem pelo que faz.

Hoje as ‘histórias de pescador’, no caso de pescadora, apresenta a vida de uma mulher de extrema importância para o município de Mucuri, Madalena Alves de Santos, moradora da tradicional Rua Teófilo Otoni, popularmente conhecida como rua do maruim, pescadora, mãe de dezessete filhos, mais de trinta netos, bisnetos e um tataraneto.

A pescadora é natural de Mucuri, da região de Costa Dourada e daqui nunca teve vontade sair, pois além da pesca, a paixão por sua terra aumentou ano após ano.

Madalena hoje aos 67 anos, é um baú de sabedoria, entende muito sobre pesca, cozinha em ‘alto mar’, remendo das redes, técnicas de pesca e como sobreviver uma semana longe de casa trabalhando, que é geralmente o tempo que a mesma passa fora.

“Quase sempre fico uma semana pescando, pego meu bote, coloco tudo que vou precisar e parto para pescar nos rios por aqui, por incrível que pareça eu amo fazer isso, estou sempre aprendendo e me renovando, faz bem demais.”

Além disso, como mulher,  coleciona saberes relacionados a cozinha como temperos e truques, ervas e saberes ancestrais relacionados ao cuidado e saúde.

Com 7 anos de idade ela já pescava de vara no rio e não imaginava que a brincadeira estava a preparando para o futuro, desde o início ela se preocupa em participar de todos os processos que vai da pesca em si, até limpar, dessalgar e vender o alimento.

Foi casada três vezes com homens que vieram a ser os pais de seus filhos, porém segundo conta, ela nunca permitiu que seus companheiros, ‘botassem moral’ em sua vida, como a mesma define.

“Eu fui casada três vezes e nas três vezes eu fugi dos casamentos com meus filhos debaixo do braço justamente por não aceitar que homem nenhum viesse colocar moral em mim, desde os 7 anos de idade eu já pesco na beira do rio, então eu sempre soube onde e como buscar o sustento e graças a Deus nunca tive preguiça de ir atrás de trabalho, por isso nunca aceitei homem que quisesse me mandar”.

Compartilhando um pouco de sua história, é impossível não comprovar o quanto é uma mulher de garra, que criou seus filhos sozinha através do ofício da pesca e o que enche os olhos: ela sempre trabalhou com muito amor e dedicação ao que faz, além é claro, de uma alegria e leveza incomparável, fruto de sua própria jornada.

Ao ser questionada sobre o imaginário que todos tem de que pescador conta mentiras, dona Madalena conta que é verdade e que principalmente os homens são pescadores mentirosos, “isso aí é verdade mesmo, principalmente em relação aos homens, eu não tenho nada contra viu, mas é que eles bancam que sabem de tudo, mas quando vai ser, não sabem é de nada” afirma rindo.

Através de muitas lutas e batalhas, nos ensina sobre força e ser mulher, pois ela nunca deixou de ser feminina e de celebrar sua existência, sua auto estima fortalece e encanta a todos ao seu redor.

Sempre envolvida nas ações com pescadores, seja de revitalização, de ajuda a outros colegas de profissão e tudo que ela é chamada, a pescadora faz questão de marcar presença, tendo em vista sua preocupação com o coletivo.

Madalena é uma inspiração, principalmente as mulheres, para que todas acreditem que é possível fazer tudo que desejam, mas ela também é uma inspiração para todos, pois sua vida cheia de desafios, nunca a fez desistir. Uma filha nata das terras mucurienses, por isso novamente é uma honra trazer mais essa história para o quadro Fala Pescador(ra).

 

Reportagem Beto Ramos
Redação Onda Verde