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Tráfico de abelhas-sem-ferrão pela internet no ES e em outros estados é descoberto por biólogo

 

Um biólogo descobriu uma rede de tráfico de abelhas-sem-ferrão que é feito na internet. Nos anúncios, os insetos são encontrados de R$ 70 a R$ 5 mil. O pesquisador do Instituto Nacional Mata Atlântica (INMA), Antônio Carvalho, encontrou mais de 300 anúncios em várias cidades brasileiras, quatro delas no Espírito Santo.

O biólogo explicou que a venda das abelhas de forma online é permitida, se respeitadas algumas regras.

“No que eles estão errando, primeiro, na falta de registrar os meliponários, que é onde a gente cria as abelhas-sem-ferrão; não estão registrando no Ibama, por exemplo; e também não estão emitindo as guias de trânsito animal”, ressaltou.

Segundo Antônio Carvalho, muitas das espécies comercializadas de forma indevida estão em extinção, o que também não é permitido. Especialista no assunto, ele alerta que o comércio ilegal representa um risco para os insetos e para a natureza.

“O ninho da abelha saindo da Amazônia e vindo para a Mata Atlântica, por exemplo, leva consigo uma grande possibilidade de dar carona para a cadeia de parasitas, trazendo para essas novas áreas”, disse.

Na pesquisa, o biólogo descobriu as vendas em pelo menos 85 cidades brasileiras, sendo quatro delas no Espírito Santo: Vila VelhaPinheirosAracruz Rio Bananal.

Além da polinização, as abelhas sem ferrão são importantes para a reconstituição de florestas tropicais e conservação de remanescentes florestais. Os insetos ainda são muito utilizados para a produção de mel.

Criador desde 2008, João Luiz Teixeira reforça que o trabalho não é simples e destaca que é preciso ter responsabilidade.

“Você não pode criar um animal tão importante sem ter o conhecimento, simplesmente pegar e colocar na sua casa. Você tem que conhecer a biologia do animal, conhecer os hábitos das abelhas, você tem que criar com consciência.

Para o biólogo que encontrou os anúncios de venda ilegal, falta fiscalização das autoridades responsáveis.

“Falta fiscalização de uma forma geral, não só para abelhas. Estou fazendo trabalhos com outros grupos de animais e a gente pode ver animais da nossa fauna sendo vendidos, por exemplo, nos Estados Unidos”, acrescentou.

O que dizem os envolvidos? 

A plataforma Mercado Livre, onde os anúncios foram encontrados, disse que é proibido o anúncio e venda de espécies da flora e fauna em risco ou em extinção, assim como é vedado o anúncio de espécies de fauna silvestre.

A empresa destacou que este tipo de anúncio é excluído da plataforma e o vendedor é notificado, podendo até ser banido definitivamente.

A reportagem também procurou o Ibama e a Polícia Federal sobre o caso, mas não houve retorno até a publicação da reportagem. Assim que recebermos um posicionamento, o texto será atualizado.

 

// Folha Vitória