Cesta básica: preço dos itens sobe mais que o dobro da inflação e impacta mais pobres
A cada ida ao supermercado a compra da diarista Roseni Lopes fica mais cara. E olha que ultimamente só entram no carrinho os itens básicos.
“Com R$ 700 eu consigo comprar o básico como arroz, feijão e macarrão, material de limpeza, para durar uns 15 dias, no máximo. Tudo hoje está muito caro. Não é como antigamente que a gente fazia uma compra e durava um mês”, compara, lamentando.
Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica (PUC) Paraná mostrou que os preços dos principais alimentos que compõem a cesta básica no Brasil tiveram aumento de 26,75% nos últimos 12 meses até maio. Ou seja, subiram mais do que o dobro da inflação oficial do país, que foi de 11,73% no mesmo período.
Na prática, isso quer dizer que alimentos essenciais como arroz, feijão, pó de café, leite estão cada vez mais caros e distantes da realidade econômica de muitos brasileiros, principalmente dos mais pobres.
O economista Jackson Teixeira diz que o cenário atual com a inflação crescente é muito preocupante. “Atinge em especial as famílias com rendimentos mais baixos. Essa classe é a mais prejudicada porque ela tem que fazer ajustes no seu orçamento e vai ter que deixar de consumir. As pessoas estão fazendo isso. Vemos pessoas se endividando no cartão de crédito para comprar comida no supermercado. Chega a ser um absurdo as pessoas terem que fazer dívidas para se alimentar”, observa.
Entre os fatores para a elevação nos preços estão a guerra da Ucrânia, o aumento da gasolina e do diesel, os reflexos da pandemia da covid-19 e os eventos climáticos extremos que prejudicaram as safras e as colheitas.
Teixeira afirma que tudo isto desencadeou alta nos precos em todo o mundo mas que no Brasil a situação é ainda pior. “O mundo inteiro está com problema de inflação mas a brasileira é a mais alta e mais persistente do que a de outras nações. Infelizmente, só vemos o Banco Central atuar subindo os juros para tentar dar uma estabilizada”, compara, acrescentando que o governo federal demorou a agir.
Enquanto isso a população vai se virando como pode, eliminando itens da lista de compras ou tentando substituir. “Comprar carne está complicado. Temos que fazer muita substituição. A carne bovina está com preço muito alto. Estamos tendo que optar por ovo e embutidos como salsicha e linguiça. Ou cortes como carne moída. Se a gente vai para o açougue, o pagamento fica todo lá”, lamenta a diarista Roseni.
// Folha Vitória