Na segunda-feira (22), as instituições do mercado financeiro reduziram a previsão para a inflação em 2023, sendo a primeira queda apresentada no Boletim Focus em 19 semanas. Especialistas avaliam que a revisão é resultado da política monetária do Banco Central, ao elevar as taxas de juros e das perspectivas de desaceleração da economia global, que diminui a demanda.
Para Gesner Oliveira, professor de economia da FGV, resultado foi possível por conta de três fatores: a queda nos preços dos combustíveis, preços dos alimentos demonstrando arrefecimento e por conta das ações adotadas pelo BC.
Segundo Oliveira, em 2023, a inflação deve se comportar de acordo com a credibilidade da política econômica do novo governo.
“A política monetária tem essa expectativa mais estável, mas temos contas fiscais frágeis e existe uma dúvida de qual será a política corretiva em relação às pautas fiscais e se, realmente, vai ser perseguido um equilíbrio macroeconômico mais sólido. Se o novo governo der essa indicação – de que vai perseguir um equilíbrio de pautas fiscais -, podemos ver uma continuidade da desaceleração e será possível criar as condições para um retorno ao intervalo da meta de inflação em 2024”.
Para o economista-chefe da MB Associados e Especialista CNN em economia, Sergio Vale, a queda na estimativa de inflação para 2023 é positiva, mas que está atrelado a uma atividade econômica mais fraca no Brasil e no mundo. “Em boa parte está atrelada com o enfraquecimento maior da economia. Demanda mais fraca ajuda a descomprimir a inflação”.
Além disso, Vale considera que os números apresentados pelo relatório Focus também mostram que o Banco Central tem agido corretamente com relação às medidas de política monetária.
“Em conjunção com os juros elevados, o esperado era que as expectativas começassem a ceder de fato. É um bom sinal de que o BC está no caminho correto de fato. Importante será as expectativas de 2024 começarem a ceder também”, afirmou.
Nicola Tingas economista chefe da Acrefi avalia que a queda na taxa de câmbio e nos preços do petróleo também são fatores que contribuem para a queda nas projeções da inflação no ano que vem.
“É um ajuste de um número que vinha subindo. Esse efeito já é um reconhecimento da acomodação de fatores como o câmbio, preços dos combustíveis que vai ajudar um pouco para o ano que vem, então já é um ajuste técnico. Mas, a desaceleração da atividade global e local, taxa de juros altas e política monetária apertada, estão criando revisões para o ano que vem”.
Sobre uma possível continuidade das reduções para a inflação, Tingas avalia que o cenário mais provável para 2022 é de uma inflação em 6,5%. No entanto, o economista pontua que resultado depende de estabilidade no cenário doméstico e global.
“Sujeito a não ter surpresas como na taxa de câmbio, no petróleo, nos alimentos, em uma nova rodada de guerra. Efeitos sobre a oferta podem criar pressões que podem mudar essas projeções. Já as pressões de demanda, ajudam a confirmar essa premissa de queda da inflação”.
De acordo com o Boletim Focus, a expectativa de inflação para 2022 teve a oitava queda seguida e chegou a 6,82%. Anteriormente, a projeção era de 7,02%.
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