Todos os países de língua portuguesa caíram no ranking do desenvolvimento humano
A publicação com o título “Tempos incertos, vidas instáveis: Construir o futuro num mundo em transformação”, observa uma reversão de cinco anos no progresso em todo o mundo.
Estado do progresso
O diretor do Escritório de Desenvolvimento Humano, Pedro Conceição, explicou as razões para o declínio global no desenvolvimento que marca uma estagnação inédita em 32 anos.
O autor da pesquisa disse que nas nações lusófonas as razões para a queda do desenvolvimento humano divergem, mas a tendência é global.
“Por exemplo, no Brasil, em Cabo Verde e em Moçambique, o fator principal na queda do Índice de Desenvolvimento Humano foi o decréscimo na esperança média de vida à nascença, que decresceu quase dois anos nestes países. Em países como Angola, por exemplo, ou Portugal, o crescimento do índice de desenvolvimento humano deveu-se mais a contração econômica. Houve também um decréscimo na esperança média de vida, mas de menos de um ano. Comparado com a generalidade do que aconteceu em todos os países, foi uma queda não muito elevada. Por isso, eu diria que houve uma queda, como na generalidade dos países, não tão elevada.”
“O Índice de Desenvolvimento Humano, desde que nós começamos em 1990 e até 2019, tem vindo sempre a aumentar. Em 2020 e em 2021, pela primeira vez, decaiu a nível global. Todos os anos há alguns países em que o desenvolvimento humano cai normalmente – um em cada 10. Nos últimos dois anos, no período 2020 – 2021, nove em cada 10 países viram uma queda do Índice de Desenvolvimento Humano. Por isso, isto é uma manifestação com números quantitativos, deste retrocesso e deste passo atrás no desenvolvimento, que se reflete também um passo atrás que temos estado no progresso para os outros Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.”
A análise considera variáveis como saúde, educação e rendimento médio de uma nação. Pela primeira vez, a Suíça lidera o ranking de desenvolvimento humano graças ao aumento da expectativa de vida e à recuperação de sua renda per capita, após o fim de todas as restrições da Covid-19.
No top 10, estão Noruega, Islândia, Região Administrativa Especial de Hong Kong na China, Austrália, Dinamarca, Suécia, Irlanda, Alemanha e Países Baixos.
Entre os países de língua portuguesa, Portugal está na posição 38. Segue-se o Brasil em 87º, Cabo Verde na posição 128, São Tomé e Príncipe no lugar 138 e Timor-Leste como o 140º da lista. No lugar 148 do índice está Angola, seguida pela Guiné-Bissau, na posição 177, e Moçambique que é o 185º colocado na classificação.
As conclusões sobre dimensões-chave do desenvolvimento humano como uma vida longa e saudável, acesso à educação e um padrão de vida digno incluem cálculos sobre esperança de vida ao nascer, média de anos de escolaridade, expectativa de anos de escolaridade e rendimento nacional bruto per capita.
Em termos regionais, houve declínios acentuados na América do Sul, a África Subsaariana e o Sul da Ásia.
Entre os maiores fatores para as quedas na classificação global destaca-se a série de restrições na pandemia. Outras razões foram eventos extremos como secas e inundações recordes em 2021, declarado como o ano mais quente já registrado.
Fonte: ONU