Um novo estudo publicado pela Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea, destaca a importância dos exames de imagens e da medicina nuclear para o diagnóstico e tratamento precoce do câncer de pulmão, o tipo mais fatal da doença
A Aiea, em parceria com especialistas globais de sete organizações influentes de tratamento da doença, desenvolveu um documento pedindo melhorias na infraestrutura global de medicina nuclear para melhorar os resultados para os pacientes com câncer de pulmão e fechar a lacuna no atendimento.
Lacuna no acesso ao diagnóstico e tratamento
O levantamento relata desigualdades na capacidade de diagnóstico entre os países: um scanner de tomografia computadorizada atende uma média de 25 mil pessoas em nações de alta renda em comparação com 1,7 milhão em países de baixa renda.
Além disso, o diagnóstico deve ser combinado com a disponibilidade de tratamentos após o diagnóstico. Os serviços de tratamento do câncer, em geral, estão disponíveis em mais de 90% dos países de alta renda, mas em menos de 30% das nações de baixa renda.
Segundo a Aiea, o diagnóstico de imagens, a radiologia e a medicina nuclear desempenham um papel indispensável na gestão do câncer de pulmão.
A agência atômica da ONU explica que, enquanto as imagens possibilitam o diagnóstico e o monitoramento, a medicina nuclear permite a administração de radiofármacos, usados para análise e, para alguns pacientes, em tratamento.
Chance de sobrevivência é maior quando diagnosticado no início
Para a radiologista da Aiea, Miriam Mikhail, que também é uma das autoras do artigo, o câncer de pulmão em estágio inicial pode ser tratado, mas a maioria dos pacientes, especialmente em países de baixa e média renda, onde há falta de acesso a exames e terapias, só tem acesso ao diagnóstico quando já estão em estágios avançados.
Miriam Mikhail afirmou que o diagnóstico precoce pode levar a intervenções que prologam a vida e a adoção de medidas paliativas. Nas estratégias globais de saúde pública para câncer de pulmão, o foco tem sido a remoção de causas conhecidas como tabaco, radônio e amianto.
Ela explica que espera que o artigo contribua com diálogos estratégicos de alto nível sobre como a melhoria da infraestrutura de exames imagens é uma peça-chave do quebra-cabeça para combater o câncer de pulmão.
Resultado humano e social
De acordo com o estudo, o câncer de pulmão representa 11,6% dos novos cânceres e 18,4% das mortes pela doença em todo o mundo.
O relatório ainda observa o efeito do câncer de pulmão nas sociedades, com pessoas morrendo prematuramente e sofrendo desproporcionalmente, bem como seu impacto econômico, especialmente em países de baixa e média rendas onde a detecção precoce e o tratamento são muitas vezes limitados.
Assim, os autores apontam que a escolha de tratamento adequada e guiada por imagens apropriadas leva a resultados mensuráveis para os pacientes e para o país, a médio e longo prazo.
Os especialistas da Aiea trabalharam com profissionais do Abramson Cancer Center da Universidade da Pensilvânia, do University Hospital Zurich, da European Society for Medical Oncology, da European Association of Nuclear Medicine, do Tata Memorial Centre, do Memorial Sloan Kettering Cancer Center e do MD Anderson Cancer Center para desenvolver o estudo.
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