Enquanto 15 unidades da federação elegeram seus governadores em 2 de outubro, 12 levaram a disputa para um segundo turno, que acontece no próximo dia 30.
Em três deles, os eleitores vão escolher entre dois candidatos que tiveram menos de 4 pontos percentuais de diferença entre si. No Mato Grosso do Sul, por exemplo, a distância entre Capitão Contar (PRTB) e Eduardo Riedel (PSDB) foi de 1,5 pontos.
m dois estados, por outro lado, a distância entre os candidatos que avançaram para o segundo turno passou de 20 pontos. No Amazonas, Eduardo Braga (MDB) tenta reverter uma desvantagem de 21,8 pontos percentuais em relação ao governador Wilson Lima (União).
A CNN fez um levantamento com os resultados estaduais e ouviu o cientista político Renato Dorgan, especialista em pesquisas qualitativas, para entender como as campanhas estaduais trabalham para manter ou reverter vantagens até a data decisiva.
Movimentos de 2022
No estado do Amazonas, a vantagem que Wilson Lima abriu sobre Eduardo Braga transforma uma eventual virada em feito histórico. Seria a maior “virada” desde 1990, quando a possibilidade de segundo turno passou a existir nas disputas estaduais. Em 1994, Eduardo Azeredo (PSDB) foi eleito governador de Minas Gerais depois de ficar 21,1 pontos atrás do líder no primeiro turno.
Renato Dorgan considera que a campanha de Braga pode apostar numa maior aproximação com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato a presidente com quem troca apoio. “A eleição presidencial foi muito acirrada no Amazonas. Colar mais em Lula pode ajudar Braga a crescer”, opina.
No primeiro turno, o petista teve 49,58% dos votos no estado, contra 42,8% de Jair Bolsonaro (PL). O presidente apoia Lima.
Renato Dorgan ressalta que, nas eleições de 2018, a corrida presidencial passou a exercer mais influência sobre as disputas estaduais: “Antes, o eleitor descolava as eleições [estaduais e presidenciais], mas a força do bolsonarismo e do lulopetismo mudou isso. É difícil que alguém vote no Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e no Lula, ou na Marília Arraes (Solidariedade-PE) e no Bolsonaro, por exemplo”, avalia.
Nos 12 estados em que há disputa, são quatro embates entre um apoiador de Lula e um de Bolsonaro. Em outros quatro, um aliado do petista tem um oponente neutro; no Rio Grande do Sul, o enfrentamento se dá entre um neutro e um bolsonarista. Já em Rondônia e no Mato Grosso do Sul, há confronto entre dois apoiadores do atual presidente, e em Sergipe, dois candidatos alinhados a Lula se enfrentam.
São Paulo é um dos territórios onde há uma extensão da eleição federal. Os ex-ministros Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas, que integraram governos dos atuais postulantes à Presidência, investem em seus apoios. No primeiro turno, o candidato do Republicanos teve 6,6% a mais de votos do que o ex-prefeito da capital
Já em Pernambuco, Marília Arraes ganhou o apoio de Lula, enquanto Raquel Lyra (PSDB) optou pela neutralidade no segundo turno. Em um dos embates mais parelhos, a vantagem de Arraes foi de apenas 3,4%.
Para Dorgan, a força do ex-presidente, que teve 65,2% dos votos no estado, pesa a favor da mais votada no pleito inicial. Por outro lado, ele destaca o apoio de Miguel Coelho (União), que teve 18% dos votos no primeiro turno, a Raquel Lyra.
Tendências históricas
A desafiante em Pernambuco não caminhou sozinha em direção aos apoios de candidatos derrotados no primeiro turno. Houve outros movimentos importantes pelo Brasil.
Sua adversária, Marília Arraes, também angariou o voto de Danilo Cabral (PSB), 4º colocado no pleito estadual, com 18%. Na Paraíba, Pedro Cunha Lima (PSDB) terá o apoio de Veneziano Vital do Rêgo (MDB), que teve 17,1%, para tentar reverter a vantagem conquistada pelo governador João Azevêdo (PSB) na corrida.
Em São Paulo, Tarcísio de Freitas ganhou o endosso do governador Rodrigo Garcia (PSDB) na pretensão de se manter à frente de Haddad no novo turno. O tucano teve 18,4% em 2 de outubro. No Mato Grosso do Sul, por sua vez, Rose Modesto (União), com 12,4%, apoia Capitão Contar.
Ao lembrar de alguns desses acordos, Renato Dorgan ressalta a importância dos apoios de candidatos “bem votados” que não avançaram à nova disputa.
“A principal ferramenta ainda é detectar as expectativas dos eleitores indecisos e dos que votaram no terceiro, quarto e até quinto colocados no primeiro turno, e alinhar a narrativa da campanha a eles”, aponta. Apesar da crescente influência nacional, ele diz que essa tendência não muda entre as campanhas.
Na avaliação do especialista, um elemento não deve ser esquecido na análise dos segundos turnos estaduais: “Nessas eleições, a última semana é a que mais importa”. A partir da próxima segunda-feira (24), os 24 candidatos a governador restantes no jogo aplicam suas estratégias finais para conquistar a eleição.
//CNN Brasil