Estamos às portas de um acontecimento histórico. O mundo está prestes a receber seu oitavo bilionésimo habitante. A estimativa é de que a marca histórica seja atingida na terça-feira (15).
Esse montante se deve não apenas à taxa de natalidade, que tem caído, mas também à longevidade da população, que têm aumentado no decorrer dos anos.
A ONU (Organização das Nações Unidas), em comemoração ao Dia Mundial da População, em 11 de julho, publicou uma carta em que celebra os avanços na medicina, que oportunizaram vidas mais longevas, e reduziram a mortalidade infantil e materna.
Mas mesmo neste panorama de vitórias, muitos desafios se apresentam diante da realidade de uma população de 8 bilhões de pessoas.
Panorama
Nem só de comemoração se vive, mas de planejamento e compreensão sobre quem são essas pessoas, e quais estratégias são necessárias para a manutenção da qualidade de vida e bem-estar.
Pensando nisso, o documento da ONU World Population Prospects 2022, traz dados fundamentais para o estudo e entendimento do cenário mundial, sendo peça chave no delineamento de novas condutas e desenvolvimento de políticas mundiais.
Conforme os dados, as taxas de natalidade e fecundidade vêm caindo. Essa queda se deve, entre outros fatores, a mais acesso à informação sobre saúde, planejamento familiar e direito de escolha sobre a reprodução.
Mas ainda assim, países com menores rendas continuam a gerar a maior quantidade de crianças.
Essa ocorrência no índice de nascimentos interfere diretamente em mudanças no padrão da pirâmide etária. Estamos observando um alargamento na faixa que compreende as idades de 25 anos e 64 anos.
Considerada uma faixa de “população ativa”, que está apta a trabalhar e circular a economia, os países têm muito a ganhar economicamente com a força de trabalho disponível.
Mas para que isso seja viável, a geração de renda, melhores condições de trabalho, mudança de vida e de contexto, só são possíveis caso haja investimento no capital humano.
Outro fator importante é a expectativa de vida. Em índices globais, a idade estimada é de 72,8 anos, sendo que há um aumento gradual desse marcador. Para 2050 estima-se que a expectativa de vida seja de 77,2 anos.
E assim, os desafios começam a aparecer.
Quais são os desafios para 8 bilhões de habitantes?
Os desafios são inúmeros, e perpassam questões como: fome, trabalho, saúde, qualidade de vida, sustentabilidade, garantia de direitos.
Segundo os dados, a maioria da população mundial está concentrada em oito países, sendo eles: Congo, Filipinas, Índia, Egito, Etiópia, Tanzânia, Nigéria e Paquistão.
Além de um dado demográfico, essa estimativa nos aponta países que necessitam de um olhar mais cuidadoso, em relação às suas necessidades.
Esses índices servem como norteadores de políticas que pensem na integralidade do ser humano, considerando seu contexto, sua cultura, suas especificidades e principalmente sua pegada no mundo.
Quanto mais nossa população cresce, maiores são os efeitos ambientais. Com metas a serem atingidas em 2030, como diminuição da pegada de carbono e dos efeitos do aquecimento global, como manter a qualidade de vida de modo sustentável?
Adotar energia limpa? Saneamento? Como combater a fome através da agricultura sustentável? São diversas as questões, ainda sem respostas definidas.
Alguns caminhos têm sido pensados e estão em discussão, como exemplo de iniciativa, podemos citar o evento em andamento, a COP27, no qual o Brasil pode ter papel de destaque ao apresentar propostas para o combate à fome.
Ter 8 bilhões de habitantes faz emergir diversas oportunidades, mas também inúmeros desafios.
Para Liu Zhenmin, subsecretário-geral da ONU para Assuntos Econômicos e Sociais, “o rápido crescimento populacional dificulta a erradicação da pobreza, o combate à fome e a desnutrição, e o aumento da cobertura dos sistemas de saúde e educação.”
Para conseguirmos abarcar esse novo mundo, e assim como disse António Guterrez, secretário-geral da ONU, “celebrar nossa diversidade, reconhecer nossa humanidade comum, e se maravilhar com os avanços na saúde […]”, necessitamos de respostas.
Até que elas estejam disponíveis, continuamos perguntando quais seriam os melhores caminhos para a manutenção da qualidade de vida, garantia de direitos e acesso à saúde e educação, tão necessárias à nossa população.
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