Entre 2019 e 2020, as mortes relacionadas ao uso abusivo de álcool, como por cirrose, doenças cardíacas e acidentes de trânsito, aumentaram 24% no Brasil
Dados divulgados nesta semana pelo relatório “Panorama 2022: o álcool e a saúde dos brasileiros”, do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, apontaram que, entre 2019 e 2020, as mortes relacionadas ao uso abusivo de álcool aumentaram 24%.
Dentre as principais causas das mortes estão cirrose, doenças cardíacas e acidentes de trânsito. Para além dos prejuízos individuais, o alcoolismo impacta diretamente à vida de toda a família dos dependentes alcóolicos.
De acordo com a psicóloga Letícia Santana, em entrevista ao programa Fala ES, da TV Vitória/Record TV, o álcool interfere na forma de agir do indivíduo e traz malefícios a todos os âmbitos da vida.
A pesquisa mostrou também que, entre os adolescentes que admitiram já terem tido contato com bebidas alcoólicas, 47% relataram que já ficaram bêbados.
Ainda segundo a psicóloga, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o primeiro contato com bebidas alcoólicas aconteça a partir dos 18 anos de idade, pois quanto mais cedo, mais difícil é se livrar do vício na fase adulta.
A cuidadora de idosos Marcela Oliveira disse que orienta seus 4 filhos sobre a facilidade do acesso às bebidas alcoólicas na maioria das festas e eventos públicos e sobre as consequências a médio e longo prazo do consumo dessas bebidas.
“Sempre reforço que tudo na vida tem um preço e gosto de alertar sobre os frutos que podem ser colhidos em decorrência do uso exagerado de bebidas alcoólicas. E acho que toda família deve fazer esse alerta aos seus filhos ainda na adolescência”, reforçou a cuidadora de idosos.
Comportamento abusivo do companheiro
Dona Carmelita foi casada durante 25 anos com uma pessoa dependente do álcool e, durante todo o relacionamento, sofreu com o comportamento abusivo do companheiro.
“Ele morreu aos 45 anos, vítima de uma cirrose hepática, consequência do consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Em todos os anos de convivência, tive a minha vida limitada por ele. Não só a minha vida, mas a de toda a minha família era colocada em risco todas as vezes que meu marido chegava em casa totalmente desequilibrado”, desabafou a dona de casa.
Via ligação telefônica à jornalista Ana Carolina Monteiro, um alcoólico, que preferiu não se identificar, contou como teve a sua vida ameaçada pelo uso do álcool.
“Por diversas vezes coloquei a minha vida em risco e também a vida dos meus familiares. Por exemplo, quando me envolvia em casos de violência doméstica e urbana e, também, quando eu gastava até mesmo o que eu não tinha. Chegou um momento que minha família precisou se afastar de mim, pois eles poderiam morrer juntamente comigo”, confessou ele.
O alcoólico e atual membro de uma comunidade de alcoólicos anônimos também aconselhou os jovens a não experimentarem nenhum tipo de bebida. “Jovens, evitem a primeira dose. Não experimentem! Pois a mesma sociedade que incentiva consumo de bebidas, posteriormente, irá te descriminar”, aconselhou ele.
Tratamento ajuda a superar a abstinência
O médico psiquiatra Valdir Campos destaca a importância de encarar o alcoolismo como uma doença crônica para que dessa forma possa ser feito o tratamento correto.
“O tratamento do alcoolismo é feito através do uso de remédios com o objetivo de tratar a abstinência que surge devido a dependência e após a interrupção do uso das bebidas. Além disso, existem grupos que oferecem apoio ao indivíduo para que haja estruturação e desenvolvimento de estratégias para incentivar e acelerar a recuperação”, reforçou o médico.
Na Grande Vitória existem cerca de 40 grupos de alcoólicos anônimos e há uma linha de ajuda que funciona 24 horas por dia através do telefone 27 9.9993-3395.
Caso precise, procure ajuda.
//Folha Vitória