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Fala Pescador: Nadite filho de Mucuri conta orgulhoso sua história no quadro da semana

 

O quadro Fala Pescador desta semana, traz mais uma reportagem das mais diversas histórias dos homens do mar, filhos da terra de Mucuri, um dos quadros de maior sucesso entre leitores e ouvintes da rádio Abrolhos FM em parceria com a Suzano que visa evidenciar o trabalho dos pescadores do município e de toda região do extremo sul baiano.

Hoje a história de Nadite, um jovem senhor pescador de 50 anos e 36 anos de profissão, que embora não tenha tanta idade, acumula muitas histórias e experiências no mar e na vivência com a pesca. Filho de Mucuri, Nadite é um daqueles que desde muito novo sempre teve vontade de se arriscar no mar, indo ainda criança para as jornadas na pesca.

“Primeiro tenho que dizer que é um prazer estar aqui falando na rádio. Segundo falar da minha história é engraçado, porque penso eu que tem pessoas que realmente nascem com o dom da pesca e posso dizer que é o meu caso! Sempre amei o mar, ele me chama desde pequeno e na época ainda criança eu tinha que ir escondido do presidente da colônia por que era proibido, mas mesmo assim eu dava meu jeito de estar ali no meio dos mais velhos para aprender” conta.

Nadite mesmo com todo seu amor e admiração pela profissão, faz questão de ressaltar que a pesca, por um lado é paixão e por outro nunca deixou de ser uma necessidade de fato, pois na época não tinha outra opção de ter o sustento das casas, a alternativa era cair no mar e pescar para vender e trazer o alimento pra mesa de casa.

“Naquele tempo as coisas eram muito mais difíceis que hoje em dia, é claro que tinham as facilidades e a forma de viver eu acho que era mais leve, alegre e praticamente sem violência se for comparar com os dias em que vivemos. Mas em relação a oportunidade de trabalho, não era nada fácil”, afirma o pescador.

Segundo conta, os jovens naquele tempo tinham que fazer cedo a escolha entre estudar e trabalhar e na esmagadora maioria das vezes, a escolha era o trabalho, pois a mentalidade era que os estudos não os trariam grande avanço e principalmente resoluções rápidas paras as urgências familiares, como por exemplo, pagar as contas e comprar comida.

Esse era um dos principais motivos de fazer homens e mulheres se ausentarem do ensino.

Ao ser questionado sobre a continuidade da profissão para os filhos e netos e quais impactos que o desenvolvimento das cidades poderia trazer para a questão, o pescador Nadite afirmou que hoje justamente pelo acesso a educação e a outras oportunidades de trabalho serem mais presentes, a grande maioria dos filhos e netos de pescadores preferem seguir outras profissões e que segundo ele, “está tudo bem”.

“Hoje se tem mais oportunidade de trabalho e estudo, poucos são os que seguem a nossa profissão, pois sabem como é difícil, muitos dos nossos direitos são negligenciados e isso pode colocar uma família inteira em vulnerabilidade, então na minha visão está tudo bem que eles sigam outras profissões!” e complementou

“Minha filha, por exemplo, pôde estudar enfermagem, com a minha ajuda vinda totalmente da pesca e hoje ela trabalha em um dos maiores hospitais particulares de Governador Valadares, município de Minas Gerais e isso me alegra muito, por que ela alcançou esse lugar sendo filha de Mucuri, filha de pescador, mas teve a chance de alcançar novos lugares para ela e para sua família!”. Afirma contente.

 

A história de Nadite e sua família é uma grande inspiração para todas e todos de Mucuri, da região, do Brasil e do mundo! Simplesmente por ensinar que é possível ser feliz e seguir o que se gosta e mesmo assim, se abrir as novas oportunidades e desenvolvimento profissional e econômico, pois o que todo trabalhador quer de fato é ter a chance de dar uma boa vida a família e ter oportunidades justas de emprego.

 

A equipe de reportagem agradece a entrevista e disponibilidade de Nadite em contar sua trajetória na profissão, sendo filho de Mucuri.

 

//Reportagem Beto Ramos
Redação Onda Verde