O Ministério da Educação prepara uma política nacional de combate à violência nas escolas, com a participação de especialistas e agentes de forças de segurança.
O primeiro passo é a publicação, nos próximos dias, de um decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a criação de um grupo interministerial de trabalho para traçar protocolos capazes de mapear, evitar e reagir a casos como o desta quarta-feira (05), em Blumenau (SC), quando quatro crianças foram assassinadas dentro de uma creche.
O MEC foi cobrado na semana passada, após o ataque ocorrido em São Paulo, que terminou com uma professora morta, a desenvolver um plano para estabelecer procedimentos unificados para coibir a violência nas escolas.
Diante de mais um episódio com vítimas fatais em dez dias, o ministério escalou a professora Zara Figueiredo, secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão da pasta para tocar o assunto.
À CNN, o professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) Daniel Cara afirmou que o Brasil “não tem protocolos” para responder a episódios de violência, e cobrou participação das forças de segurança no monitoramento de grupos online onde os autores dos crimes combinam e se vangloriam dos ataques.
“O trabalho de monitorar esses grupos não pode ser difuso e não pode ficar só com os pesquisadores”, declarou Cara, coordenador de um relatório feito na transição entre os governos Bolsonaro e Lula sobre violência de extrema direita nas escolas do Brasil.
Para o pesquisador, a violência nas escolas brasileiras é “endêmica” e o episódio ocorrido nesta quarta-feira é resultado de um “gatilho” provocado pelo último atentado com vítimas registrado, há 10 dias, em São Paulo.
“Já no dia 27 de março monitoramos várias tentativas de ataques em São Paulo e no Rio, por exemplo. Um agressor inspira o outro”, afirmou o professor.
Cara também lembrou que dois episódios trágicos estão perto de completar aniversário, o que também é celebrado em comunidades online: o massacre de Columbine, nos EUA, quando 13 pessoas foram assassinadas dentro de uma escola em abril de 1999; e a chacina do colégio Tasso da Silveira em Realengo, no Rio de Janeiro, que completa 12 anos nesta semana – 13 pessoas morreram.
O método de atuação do agressor desta quarta-feira, segundo o professor da USP, revela que ele se inspirou em outro crime bárbaro, ocorrido há dois anos na cidade de Saudades, também Santa Catarina.
Cinco pessoas morreram. “A escolha da arma e das vítimas, bebês, crianças ainda mais indefesas, mostram que há ponto de contato entre os casos”, disse.
//CNN BRasil