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Fala Pescador: Ninito conta como foi sua vinda para Mucuri

 

Ninito é o pescador entrevistado em mais uma edição do quadro Fala Pescador, programa que visa fortalecer e valorizar a cultura pesqueira do município de Mucuri e da região.

Filho de um antigo e conhecido comerciante do Espírito Santo, seu Ninito cresceu vindo para as terras mucurienses acompanhar seu pai, que vinha para o lado de cá comprar peixe na mão dos pescadores e voltar vendendo por onde passava.

Segundo conta, foram muitos anos trabalhando com o pai e aprendendo sobre a comercialização do pescado e trocando informações com os pescadores que viviam aqui. Com o passar do tempo, o amor pela pesca foi crescendo e Ninito percebeu que era do ofício que ele gostaria de viver.

Em uma dessas idas e vindas, o seu pai adoeceu e acabou falecendo no estado de origem, Espírito Santo. A função de continuar o trabalho que trazia renda e sustento a família naturalmente ficou para Ninito e seu irmão, que não pensaram duas vezes ao continuar o legado deixado.

“Naquela época a gente não tinha recurso, mas as terras de Mucuri sempre foram muito abençoadas, porque aqui a pesca era mais farta, a gente tinha a possibilidade de lucrar mais e foi isso que atraiu eu e a minha família para cá”.

Os recursos de pesca eram diferentes, pois devido aos processos tecnológicos tudo demorava mais para acontecer e os pescadores tinham a necessidade de viajar para conseguir ferramentas de trabalho como o gelo, que não era fácil encontrar na região, pois não existiam fábricas de gelo como na atualidade.

“Em toda a região aqui, voltada para o Espírito Santo, era quase impossível encontrar gelo, pense que até Conceição da Barra não tinham fábricas e isso nos atrapalhava um pouco, pois existia essa demanda de ir em busca dos materiais e nós fazíamos sem medo”.

Com o passar dos anos, Ninito conta que teve a feliz oportunidade de acompanhar a gestão de Marieta Gazinelli, que foi responsável em viabilizar a conquista de pequenas embarcações para os pescadores da época que não tinham a possibilidade de fazer a compra. Foi nesse momento de sua trajetória, entendendo a chance de melhora de vida, que decidiu vir morar em Mucuri.

“Mucuri naquela época era muito diferente. Acho que a gente fala assim e quem conhece Mucuri hoje não tem noção de como mudou, era uma cidade bem pequena e com poucos recursos, mas foi quando nós conseguimos comprar a bateira que decidi vir morar aqui. Veio primeiro eu para entender como seria, fazer o teste e depois veio a minha família.”, afirma o pescador.

Nesses anos todos no município, o pescador coleciona histórias com seus colegas de profissão, aventuras e imprevistos dentro e fora do mar, natural do ofício.

Ninito faz parte de uma geração de pescadores que foram ativos ano após ano em Mucuri, ensinando os mais novos e dando oportunidades de trabalho para um desenvolvimento rápido na profissão.

“Eu sou uma pessoa muito grata por Mucuri ter me acolhido, me dado emprego e por poder trazer minha família e criar meus filhos através da pesca. É por isso que quando alguém fala mal daqui eu defendo essa cidade como se fosse minha”.

Atualmente seu Ninito continua trabalhando com a venda dos peixes, com pessoas que trabalham em seus barcos, por estar mais velho prefere ficar em terra firme. Após anos contribuindo para a perpetuação da tradição no município, o senhor sente alegria por toda experiência.

 

//Reportagem Beto Ramos
Redação Onda Verde