O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, lançou na semana passada o relatório Décadas de Mudança na Floresta de Mangue: O Que Isso Significa Para a Natureza, as Pessoas e o Clima? (em inglês).
O documento aponta que mudanças na extensão de manguezais podem impactar mais de mil espécies associadas a esse ecossistema. Dentre elas estão aves, peixes, plantas, mamíferos, répteis e anfíbios.
Tendência de recuperação
O relatório também analisa a relação entre o mangue e o armazenamento de carbono. A redução dos manguezais pode trazer enormes impactos para os pescadores de pequena escala. O Pnuma conclui que esforços de restauração, além de necessários, são viáveis.
Os dados apontam que a perda global de manguezais se estabilizou. Ao redor de muitos dos grandes rios, estuários e deltas do mundo, como o Amazonas no Brasil, o Indragiri em Sumatra e o Delta Amacura na Venezuela os mangues voltaram a crescer.
Em 2020, as estimativas apontavam 147.359 km2 de florestas de mangue em nível global, 51% das quais localizadas na Ásia-Pacífico, 29% nas Américas e 20% na África.
A Indonésia detém a maior área de floresta de mangue totalizando 20% do total global. Na sequência estão Brasil, Austrália, México e Nigéria, que juntos contêm quase metade dos manguezais do mundo.
Biodiversidade e retenção de carbono
O Brasil tem a segunda maior área cobertura de mangue do mundo e a maior floresta contínua de mangue do planeta. Dentre os países africanos, Moçambique é o que apresenta a segunda maior extensão de manguezais, atrás apenas da Nigéria.
Segundo o estudo, existem 203 espécies de plantas, 603 espécies de vertebrados aquáticos e 1079 espécies de pássaros associadas aos mangues.
O relatório destaca a necessidade de melhorar nosso conhecimento sobre quais espécies usam e dependem dos manguezais. O objetivo é entender melhor as consequências das mudanças nesses ecossistemas para as pessoas e para a biodiversidade.
Embora os manguezais representem menos de 1% de todas as florestas tropicais do mundo, eles têm um papel crítico na mitigação das mudanças climáticas. Os solos de mangue são sumidouros de carbono altamente eficazes, retendo grandes quantidades de carbono e impedindo-o de entrar na atmosfera.
Além disso, são vitais para ajudar a sociedade a se adaptar aos impactos das mudanças climáticas, reduzindo o impacto das tempestades e da elevação do nível do mar.