Conflitos, violência, pobreza e alterações climáticas são apenas alguns dos fatores que levam milhares de pessoas, todos os dias, a abandonar o seu país na procura de uma vida melhor. Nos últimos anos, o mundo tem assistido ao maior fluxo de deslocados forçados alguma vez registado. Só no ano passado houve registo de mais 19,1 milhões de refugiados do que em 2021, atingindo um número histórico, com graves consequências para os Direitos Humanos. A Organização das Nações Unidas assinala esta terça-feira o Dia Mundial do Refugiado, destacando o poder da inclusão.
Sob o lema “Esperança longe de casa. Um mundo onde os refugiados são sempre incluídos”, a comunidade internacional e o ACNUR ambiciona incluir os refugiados nas comunidades onde encontraram segurança depois de fugirem de conflitos e perseguições.
Este dia visa mobilizar vontade política e recursos para que os deslocados forçados e requerentes de asilo possam não só sobreviver, mas também prosperar nos países que os acolhem. Além disso, procura também lembrar todos os que tiveram de escapar à guerra, a perseguições ou a cenários de violência, assim como quem teve de fugir por motivos como raça, religião, nacionalidade, pertença a um grupo social particular ou com opinião política.
O financiamento para as inúmeras situações de deslocação e para apoiar os países que os acolhem ficou atrás das necessidades do ano passado, permanecendo baixo em 2023 à medida que os pedidos aumentam.
Numa mensagem em vídeo divulgada em várias plataformas das Nações Unidas, o secretário-geral da ONU recordou a década em que esteve de serviço como Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, quando testemunhou em primeira mão a resiliência e as contribuições dos refugiados “em todas as esferas da vida”.
“A sua perseverança perante a adversidade inspira-me todos os dias. Os refugiados representam o melhor do espírito humano. Eles precisam e merecem apoio e solidariedade, não de fronteiras fechadas e de bloqueios”, defendeu.
“Não são números apenas no papel. São mulheres, crianças e homens que fazem viagens difíceis – muitas vezes enfrentando violência, exploração, discriminação e abuso. Este Dia lembra-nos do nosso dever de proteger e apoiar os refugiados, e da nossa obrigação de criar novas formas de apoio, incluindo soluções para realojar refugiados e ajudá-los a reconstruir as suas vidas com dignidade”.
O secretário-geral da ONU pediu um maior apoio internacional aos países que recebem refugiados, conforme previsto no Pacto Global para Refugiados, e um aumento no acesso à educação de qualidade, ao trabalho digno, à assistência médica, ao alojamento e à proteção social.
“E precisamos de uma vontade política muito mais forte para fazer a paz, para que os refugiados possam retornar com segurança para as suas casas”.
“O tema deste ano é ‘Esperança Longe de Casa’. Apelo ao mundo para que aproveite a esperança que os refugiados carregam nos seus corações. Vamos combinar a sua coragem com as oportunidades de que precisam, em todas as etapas do caminho”, concluiu.
“Intolerância face à discriminação”
“Importa reforçar a mensagem de solidariedade transmitida pelo secretário-geral António Guterres, assinalando a postura humanista de Portugal e a intolerância face à discriminação daqueles que acolhemos”, escreveu Marcelo Rebelo de Sousa.
Importa também “recordar os 43 milhões de crianças refugiadas em todo o mundo, a quem é devida a garantia de futuro”.
O presidente da República assinala, assim, o Dia Mundial do Refugiado “recordando a postura de abertura e acolhimento que caracteriza Portugal e da qual não abdica“.