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Pela primeira vez em 2023, Brasil tem inflação negativa em junho, aponta IBGE

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) — índice oficial da inflação do país — registrou deflação de 0,08% em junho, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (11). Foi o primeiro IPCA negativo em 2023 e desde a medição de setembro de 2022, quando marcou 0,29%

A deflação do mês passado é a menor variação para meses de junho desde 2017, quando o índice foi de -0,23%. A deflação de junho, porém, continua longe dos -0,68% de julho de 2022, a menor taxa desde 1980.

O resultado vem em linha com a expectativa de especialistas ouvidos pela CNN, que já esperavam a deflação de junho. A inflação negativa de junho vem depois do índice desacelerar para 0,23% em maio.

No ano, o IPCA acumula alta de 2,87% e, nos últimos 12 meses, de 3,16%, abaixo dos 3,94% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.

Com o resultado de junho, a inflação de 12 meses se aproxima da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para 2023, a meta de inflação é de 3,25%, definida em junho de 2020, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. Assim, para ficar dentro da meta o IPCA pode ficar entre 1,75% e 4,75%.

Alimentos e transportes puxaram a queda

Os grupos Alimentação e bebidas (-0,66%) e Transportes (-0,41%) foram os que mais contribuíram para o resultado do mês, com impacto de -0,14 ponto e -0,08 ponto no índice geral, respectivamente.

Também registraram quedas os grupos Artigos de residência (-0,42%) e Comunicação (-0,14%).

No lado das altas, o maior impacto (0,10 ponto) e a maior variação (0,69%) vieram de Habitação. Os demais grupos ficaram entre o 0,06% de Educação e o 0,36% de Despesas pessoais.

André Almeida, analista da pesquisa, diz que Alimentação e bebidas e Transportes são os grupos mais pesados dentro da cesta de consumo das famílias. Juntos, eles representam cerca de 42% do IPCA. Assim, a queda nos preços desses dois grupos foi o que mais contribuiu para esse resultado de deflação no mês de junho.

O grupo Alimentação e bebidas foi influenciado, principalmente, pelo recuo nos preços da alimentação no domicílio (-1,07%). Destacam-se as quedas do óleo de soja (-8,96%), das frutas (-3,38%), do leite longa vida (-2,68%) e das carnes (-2,10%).

Já a alimentação fora do domicílio (0,46%) desacelerou em relação ao mês anterior (0,58%), em virtude das altas menos intensas do lanche (0,68%) e da refeição (0,35%).

Nos últimos meses, os preços dos grãos, como a soja, caíram. Isso impactou diretamente o preço do óleo de soja e indiretamente os preços das carnes e do leite, por exemplo.

Essas commodities são insumos para a ração animal, e um preço mais baixo contribui para reduzir os custos de produção. No caso do leite, há também uma maior oferta no mercado, explica Almeida.

Em Transportes (-0,41% e -0,08 ponto), o resultado deve-se ao recuo nos preços dos automóveis novos (-2,76%) e dos automóveis usados (-0,93%).

Destaca-se, ainda, o resultado de combustíveis (-1,85%), com as quedas do óleo diesel (-6,68%), do etanol (-5,11%), do gás veicular (-2,77%) e da gasolina (-1,14%). No lado das altas, as passagens aéreas subiram 10,96%, após queda de 17,73% em maio.

Segundo Almeida, o subitem automóvel novo foi o de maior impacto individual no mês, com -0,09 ponto.

Essa redução nos preços está relacionada ao programa de descontos para compra de veículos novos, lançado em 6 de junho pelo governo federal. Isso pode ter relação também com a queda dos preços dos automóveis usados.

Já para a alta do grupo Habitação (0,69%), a maior contribuição (0,06 ponto) veio da energia elétrica residencial (1,43%), seguida pela taxa de água e esgoto (1,69%). Em ambos os casos, houve reajustes aplicados em algumas áreas de abrangência da pesquisa.

Por outro lado, houve queda nos preços de gás encanado (-0,04%), devido a reduções tarifárias, e do gás de botijão (-3,82%).

Destaca-se, ainda, o resultado do grupo Saúde e cuidados pessoais (0,11%), influenciado pela alta nos preços dos planos de saúde (0,38%), decorrente de reajuste autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Em relação aos índices regionais, apenas cinco áreas apresentaram alta em junho. A maior variação foi em Belo Horizonte (0,31%), em função da energia elétrica residencial (13,66%). Já a menor variação foi registrada em Goiânia (-0,97%), influenciada pelas quedas de 5,40% na gasolina e de 4,83% na energia elétrica residencial.

//CNN Brasil