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Voluntariado após aposentadoria pode proteger o cérebro, segundo pesquisa

Quando Celia Barberena se aposentou de uma carreira de décadas no ensino superior em 2012, ela se deparou novamente com o dilema do que queria fazer da vida. Alguns veem a aposentadoria como um momento para acordar tarde e não sentir nenhuma pressão. Mas Barberena queria um desafio, algo ao qual pudesse dedicar sua energia – então, aos 67 anos, ela decidiu que o desafio era o voluntariado.

“Se você não tem estresse, bom estresse, então você declina”, disse Barberena, uma mulher latina que mora em Pacific Grove, Califórnia. “Você tem que ter um lugar onde pensar, se conectar e produzir.”

Além de ajudá-la a continuar dedicando sua vida a ajudar sua comunidade, o voluntariado também ajuda a manter sua mente afiada, acredita Barberena. Novas pesquisas a apoiam: o voluntariado tem sido associado a melhores pontuações em testes de função cognitiva, de acordo com pesquisa apresentada nesta quinta-feira (20) na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer em Amsterdã.

“Os voluntários são os pilares de todas as comunidades e são essenciais para o sucesso e o impacto de muitas organizações”, disse Donna McCullough, chefe de missão e oficial de operações de campo da Associação de Alzheimer, em um comunicado à imprensa. “Esperamos que esses novos dados incentivem indivíduos de todas as idades e origens a se envolverem no voluntariado local – não apenas para beneficiar suas comunidades, mas potencialmente sua própria saúde cognitiva e cerebral”.

Estudos anteriores encontraram ligações positivas entre o voluntariado e a função cognitiva. No entanto, quando se trata da nova pesquisa, “a diferença aqui é que ela nunca foi mostrada com uma população diversificada”, disse Maria C. Carrillo, diretora científica da Associação de Alzheimer, que não participou da pesquisa.

Quarenta e quatro por cento dos quase 2.500 participantes não haviam concluído a faculdade e, quando se trata de raça ou etnia, 20% eram brancos, 14% eram hispânicos ou latinos, 17% eram asiáticos e 48% eram negros. Esses adultos tinham em média 74 anos e haviam participado do Kaiser Healthy Aging and Diverse Life Experiences Study ou do Study of Healthy Aging in African Americans.

“O voluntariado em uma comunidade branca tem se mostrado benéfico”, disse Carrillo. “A questão é: isso se replica em um recorte mais diversificado?”

Sim, o paradigma existe, de fato, em diversas comunidades. Entre esses adultos, o voluntariado no ano anterior ao estudo foi associado a melhores pontuações em testes de função executiva e memória episódica verbal, independentemente de como diferiam em idade, sexo, educação ou renda.

A função executiva envolve processos mentais que nos ajudam a planejar, focar a atenção, lembrar e priorizar tarefas. Na pesquisa mais recente, a memória episódica verbal refere-se à capacidade de uma pessoa de recordar detalhes de histórias e/ou listas de palavras, disse Yi Lor, primeiro autor da pesquisa.

Aqueles que se voluntariaram várias vezes por semana tiveram os níveis mais altos de função executiva.

“Esta é a primeira vez que a associação entre voluntariado e cognição foi explorada em uma coorte de estudo que é diversa e representa os diferentes grupos raciais/étnicos dos EUA”, disse Lor, estudante de doutorado em epidemiologia na Universidade da Califórnia, Davis, por e-mail.

Os autores não tinham detalhes sobre se os participantes foram posteriormente diagnosticados com doença de Alzheimer ou demência, apenas dados sobre sintomas cognitivos associados a essas doenças. Mas a equipe de pesquisa está acompanhando os participantes à medida que envelhecem para determinar se o voluntariado também está associado à redução do risco de desenvolvê-los, disse Lor.

Como o voluntariado ajuda o cérebro

Agora com 75 anos, Barberena está ocupada – ela é presidente do comitê de oradores do Rotary Club de sua cidade e membro dos associados de adoração em sua igreja, onde ajuda a planejar os cultos para o ano inteiro. Ela também faz parte do conselho de administração de duas organizações sem fins lucrativos locais: uma organização artística para jovens e o Blind & Visually Impaired Center of Monterey County, “uma organização próxima e querida porque meu marido, já falecido, era deficiente visual”, disse ela por e-mail.

Barberena acha que o voluntariado ajuda a manter sua cognição, envolvendo sua memória, habilidades verbais e de raciocínio, disse ela. “O que também acontece é que, como aposentado, você fica isolado”, acrescentou. “A solidão e a impossibilidade de estar em contato com as pessoas também levam à depressão, ansiedade ou insônia, e tudo isso afeta a cognição”.

//CNN Brasil