Lula, rei Charles, Guterres: Líderes mundiais discursam na COP28 nesta sexta (1°)
Líderes e autoridades mundiais começam a discursar na COP28, a Conferência do Clima da ONU, nesta sexta-feira (1°). O evento é realizado em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Entre os presentes, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), António Guterres, secretário-geral da ONU, e o rei Charles III, do Reino Unido, têm pronunciamentos marcados.
Os líderes terão a tarefa de discutir sobre o futuro do meio ambiente e como evitar uma catástrofe climática global, neste que já passou a ser conhecido entre cientistas como “o ano mais quente da história”, segundo a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC).
Cerca de 70 mil pessoas estarão envolvidas nas discussões deste ano, que vão até o dia 12 de dezembro.
Lula também terá uma série de encontros com autoridades de outros países. O presidente é acompanhado de uma comitiva que inclui Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, e Mauro Vieira, das Relações Exteriores.
O presidente brasileiro também vai aproveitar a participação para tentar fechar um pacto político pela aprovação do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, como revelou Américo Martins, enviado especial da CNN aos Emirados Árabes Unidos.
O rei Charles III, conhecido por seu ativismo ambiental, deve defender maior ação e responsabilização global sobre a crise climática, dizendo aos delegados que “a Terra não nos pertence, nós pertencemos à Terra”.
Esse será o primeiro grande discurso sobre as mudanças climáticas de Charles desde que ele se tornou rei, em setembro de 2022. No ano passado, ele foi aconselhado a não participar da COP27, que aconteceu no Egito.
Segundo a Reuters, o monarca deve dizer: “Rezo de todo o coração para que a COP28 seja um ponto de viragem crítico para uma ação transformacional genuína”. Charles também fará encontro com outras autoridades mundiais.
Ausências de Papa Francisco e Joe Biden
O Papa Francisco também iria à COP28, mas teve que cancelar a viagem a Dubai após ser diagnosticado com uma bronquite infecciosa aguda.
Ainda assim, o Pontífice pediu aos delegados da conferência que “se concentrem no bem comum e no futuro de seus filhos, e não nos interesses particulares de certos países ou empresas”.
Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, também não deve comparecer, ao menos presencialmente, à cúpula do clima. O líder norte-americano tem concentrado sua agenda internacional em temas relacionados à guerra na Faixa de Gaza. O presidente chinês Xi Jinping também não vai ao evento.
Temas que serão discutidos
A lista de temas ambientais nas mesas de discussão da COP28 é vasta. Mas, dentre os principais assuntos que serão debatidos, estão:
- Mecanismos para limitar o aquecimento global a 1,5 °C em relação a níveis pré-industriais;
- Medidas para proteger florestas e como atingir neutralidade na emissão de carbono até 2050;
- Maneiras de auxiliar países considerados mais vulneráveis, que geralmente são os mais impactados pelas temperaturas extremas;
- Como colocar em prática um fundo de perdas e danos para países em desenvolvimento, fruto de um acordo da conferência do ano passado.
Revisão do acordo de Paris
Essa será a primeira etapa do chamado “Global Stocktake”, um balanço que serve para os países revisarem suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), que são as metas firmadas no Acordo de Paris, na COP21, para reduzir o aquecimento global.
O conjunto de metas é considerado o principal parâmetro para a redução de gases causadores do efeito estufa.
A UNFCCC destacou, em seu comunicado, a importância dessa revisão. “O balanço global deve ser um catalisador para uma maior ambição no cumprimento dos objetivos do Acordo de Paris, à medida que as nações se preparam para apresentar planos nacionais de ação climática revisados até 2025”, diz a nota.
A NDC brasileira, atualizada em 2023, prevê que o Brasil deve reduzir as próprias emissões em 48% até 2025 e 53% até 2030, em relação às emissões registradas no ano de 2005.
O país também pretende alcançar “emissões líquidas” de gases causadores do efeito estufa até 2050, ou seja, a ideia é que o Brasil consiga compensar todas as emissões de gases.
*publicado por Tiago Tortella, da CNN
*com informações de Mathias Brotero e Letícia Brito, da CNN, e da Reuters
Foto: Reprodução