O café Arábica reina absoluto nas xícaras pelo mundo, mas seu “primo”, o Robusta, pode ser a chave para enfrentarmos os desafios das mudanças climáticas.
Hoje, 60% do café que consumimos vem da espécie Arábica, mas essa variedade sensível pode sofrer uma queda de até 80% na produção até 2050, graças às alterações no clima, segundo o estudo “Robusto e inteligente: inferência sobre a plasticidade fenotípica de Coffea canephora revela adaptação a ambientes alternativos”, da revista científica Crop Science.
A boa notícia? O Robusta, responsável pelo restante do café que bebemos, é mais resistente e se adapta melhor às mudanças climáticas, mantendo bons níveis de produção mesmo em condições difíceis.
Pesquisadores estão de olho em duas grandes estratégias para garantir que não falte café no futuro: mover as plantações para áreas mais adequadas e encontrar espécies mais robustas para resistir ao clima imprevisível. E é aqui que o Robusta brilha! Além de ser geneticamente mais diverso que o Arábica, ele está provando ser muito flexível.
Para testar essa ideia, cientistas plantaram diferentes cultivares de Robusta ao lado de Arábica em regiões frias das terras altas brasileiras – um lugar onde o Arábica costuma se dar bem, mas que não é o habitat natural do Robusta. O objetivo? Ver se o Robusta poderia “se virar” em condições diferentes, ou seja, testar sua “plasticidade”, que nada mais é do que a capacidade de uma planta de se adaptar a mudanças no ambiente.
Os resultados? Surpreendentes! Algumas variedades de Robusta prosperaram nesses climas frios, com produções de até 75 sacas por hectare, números comparáveis aos alcançados em suas condições ideais. Além disso, os pesquisadores identificaram cinco tipos de Robusta que se mostraram especialmente resistentes ao frio, sugerindo que essa espécie pode ser uma verdadeira salvadora do café em um mundo em aquecimento.
E tem mais: o Robusta, fiel ao seu nome, precisa de menos água e fertilizantes, o que o torna uma opção mais sustentável para os agricultores, sem contar que ele tem um ótimo retorno financeiro. Com isso em mente, os cientistas testam como o produto se sai em lugares mais quentes, como a Flórida, onde as temperaturas já são altas e tendem a subir ainda mais.
Embora o estudo ainda esteja no início, os primeiros resultados são promissores: o Robusta tem potencial para substituir o Arábica em muitas regiões e garantir que o nosso querido café não desapareça, mesmo com todas as mudanças climáticas que estão por vir.
Como os pesquisadores resumem: “A diversidade genética do Robusta é enorme e pode nos dar uma nova geração de cultivares adaptados ao clima e prontos para atender à demanda global”. Ou seja, o futuro do café pode ser mais robusto do que pensamos!
Engenheiro civil, Caio Tucunduva também é especialista, mestre e doutor em sustentabilidade pela USP (Universidade de São Paulo). Se apaixonou pelo mundo do café quando a onda dos cafés especiais começava a dar as caras no Brasil — tendência que ele já observava no exterior, afinal sempre foi atento às tendências gastronômicas.
Já especialista em hospitalidade, Caio, decidido que iria se enveredar para essa área, começou pelos cursos do Senac de barista e gestão de bares e restaurantes. Depois formou-se como degustador e classificador de café. Também se tornou mestre de torra, fez cursos com grandes mestres e especialistas de café.
Com toda essa bagagem, foi para Austrália oferecer consultoria de torra de café brasileiro e, claro, aprendeu novas técnicas, como a blendagem de café verde, umas das marcas registradas de Caio atualmente. Atento e criativo, ele desenvolveu uma técnica bastante interessante de maturação de cafés especiais em madeiras e destilados. Hoje, regularmente, percorre o país atrás de bons produtores.
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