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Jovens baianos denunciam empresário por prometer carreira no futebol fora do Brasil e sumir com dinheiro pago para viagem

Três jovens baianos denunciaram ter sido enganados por um empresário que teria prometido uma carreira no futebol fora do Brasil para eles e sumiu com o dinheiro investido no sonho. O caso é investigado pela Polícia Civil. O suspeito nega as acusações.

Um dos rapazes que denunciaram o suposto golpe é o jogador de futebol Cristian Santana, de 20 anos. Ele chegou a passar alguns dias na Alemanha, mas precisou voltar porque, segundo ele, foi abandonado pelo empresário. Cristian joga profissionalmente há três anos. O jovem conta que foi no final de 2018 que veio a promessa de uma grande chance, e a decepção em seguida. O empresário, que se identifica apenas como Francisco, teria dito que levaria Cristian para um clube em Berlim, com a promessa de fechar um contrato que renderia um salário de 500 euros por mês.

Mas o empresário pedia R$ 5 mil como antecipação para agilizar tudo, e, depois, teria pedido mais. A família do jogador conta que teve que comprar passagens de hospedagem, inclusive a do empresário. Segundo o pai de Cristian, Carlos Alberto, os investimentos na viagem chegam a R$ 20 mil. Cristian viajou com Francisco no início do ano passado. Na Europa, começaram os problemas: o empresário deixou Cristian em um hotel, sem contrato com clube ou hospedagem garantida.

O jovem conta que pouco antes de voltar para o Brasil teve que dormir escondido na recepção e até banheiro do hotel onde tinha se hospedado inicialmente, por falta de dinheiro para pagar os custos no exterior.

“Em alguns momentos dormi na recepção. Tive até que fugir dos seguranças de lá, tive que ir para cozinha, dormir no banheiro, porque se eu fosse pego eu estava lá sozinho, sem a carta-convite, sem nada. E eu teria que pagar uma multa e seria deportado. Meu visto estava encerrando. Dependia dele para resolver”, contou. Durante o tempo que ficou na Europa, Cristian conseguiu uma vaga em um clube alemão diferente do que pensou que iria atuar, mas sem salário fixo, nem visto pra morar. Sem dinheiro para se manter, ele voltou para o Brasil.

Outra vítima do empresário é Daniel Sampaio. Ele chegou a assinar um suposto pré-contrato entregue por Francisco, há cerca de um ano. Na época, ele conta que pagou R$ 3,6 mil pela passagem para a Europa, mas no dia da viagem o homem teria cancelado tudo. Já Jackson Pereira deixou o emprego que tinha pela falsa promessa de se mudar para o exterior para jogar futebol.

“Eu estava empregado, mas aí pedi demissão do emprego com essa promessa. E aí saí sem direito a nada. E acabou que não aconteceu. Até hoje ele fica enrolando, enrolando. Não devolveu o dinheiro, a gente não viajou. Segundo ele, era para metade da passagem. Eu paguei R$ 4,6 mil”. Apesar dos problemas, o sonho de seguir nos campos se mantém.

“Estou treinando bastante. Treino às vezes em dois turnos, para me preparar, porque aparece oportunidade. Uma hora vai aparecer oportunidade e eu tenho que estar pronto, e vou seguindo, até onde der”, disse Cristian.

“É tudo questão de oportunidade. Eu acho que se chegar uma oportunidade, é claro que a gente vai ficar um pouco receoso pelo que aconteceu, mas tenho meus pais que me apoiam muito, meus amigos”, disse Jackson.

O que diz o suspeito

Por vídeo chamada com a produção da TV Bahia, Francisco se defendeu das acusações, e disse que não prometeu nada aos jovens. O empresário diz que apenas ajuda jogadores de futebol que buscam crescimento profissional. Ele chegou a citar outros jovens que, segundo ele, teriam conquistado sucesso.

“Eu ajudo, ajudei jogadores. Inclusive, tem jogadores aí de férias agora, que você pode ligar para os pais, ver o trabalho que eu fiz, a ajuda que eu dei para eles, ajuda”.

Na conversa, ele ainda falou sobre a viagem com Cristian, disse que fez pagamentos para o jovem, e que tinha como provar, mas não enviou nada até a última atualização desta reportagem. Ele não comentou sobre os outros dois jovens.

“Cristian, ele foi reprovado no teste. Inclusive, antes dele ser reprovado eu estava lá dentro de campo, o treinador tinha me passado que não ia ficar com ele. Eu falei com o treinador: ‘Por favor, deixa ele ficar, porque em outro time ele não fica, porque ele é fraco'”, disse.

“Depois de um mês e pouco ele morando em hotel, comendo, bebendo, dormindo… tenho áudio, tenho conversa, tenho tudo, e pagamentos que eu fiz”, completou.

“Eu fiz um depósito ainda de R$ 3 mil para o pai dele. Eu tenho tudo como comprovar”, completou.