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Petrobras lucra com alta do barril do petróleo

A Petrobras anunciou ontem o melhor resultado trimestral dos últimos cinco anos, com lucro líquido de R$ 6,96 bilhões nos três primeiros meses de 2018. A notícia é boa para a empresa, que demonstra sinais claros de recuperação, e melhor ainda para os acionistas, que receberão dividendos em 25 de maio, depois de quatro anos a seco. Para os consumidores, no entanto, significa menos dinheiro no bolso. Parte do bom resultado da Petrobras é graças à política de preços alinhada ao mercado internacional. Com a alta do barril de petróleo, os combustíveis estão mais caros e pressionam a inflação. Esse quadro pode se agravar com a instabilidade geopolítica gerada pelo anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de sair do acordo nuclear com o Irã.

Para o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), Adriano Pires, o resultado é excepcional para a Petrobras e demonstra a gestão competente. “A atual diretoria passou a olhar o acionista. A companhia deixou de ser usada para controlar inflação. Quando se faz a coisa certa, os investidores premiam”, avaliou. De fato, o valor de mercado da empresa, que afundou a R$ 67,6 bilhões em fevereiro de 2016, saltou para US$ 87,7 bilhões na segunda-feira (R$ 313 bilhões pela cotação de ontem), segundo Einar Rivero, da empresa de informações financeiras Economatica.

Pires, do Cbie, ressaltou que a alta do petróleo ajudou a Petrobras a ter o resultado positivo. “Claro que houve aumento de combustíveis, mas não dá para penalizar a empresa para agradar ao consumidor”, opinou. O peso dos combustíveis na inflação, no entanto, é alto: representou 5,64% no Brasil e 6,59% em Brasília no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março de 2018, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Transmissão

“Quando se fala de combustível, além do impacto direto na bomba, há o efeito transmissão. Nossa logística inteira é pelo modal rodoviário. Então, quando há aumento do diesel, tudo fica mais caro. A alta de preços cai em cascata direto na cesta dos brasileiros”, alertou Felipe Leroy, professor de Economia do Ibmec. “Para o consumidor, não é uma boa notícia. A Petrobras teve ótimo resultado porque passou a defender seus interesses empresariais”, ponderou o diretor da MaxQuimm, Maurício Jaroski, especialista da área de energia. “A empresa tem uma autonomia que não tinha. Isso é positivo para os acionistas, que vão receber dividendos, e para o país, porque a petroleira volta a ter fôlego financeiro para investir”, acrescentou.

Se o combustível já pesa no bolso do consumidor, a situação pode piorar. “O cenário é obscuro. O pronunciamento de Trump deve influenciar o mercado de petróleo, com reflexo na formação de preços dos combustíveis”, destacou o analista de investimentos Robson Pacheco, ex-presidente da Associação Brasileira dos Analistas do Mercado de Capitais (Abamec).

  • Cotação

    O lucro líquido de R$ 6,96 bilhões no primeiro trimestre em 2018 da Petrobras foi o melhor resultado trimestral desde o início de 2013, quando a empresa havia lucrado R$ 7,69 bilhões. Segundo a petroleira, a principal explicação para o aumento de 56% em relação ao lucro do primeiro trimestre de 2017, de R$ 4,45 bilhões, é o aumento nas cotações internacionais do petróleo, que saiu de US$ 53,8 na média do primeiro trimestre de 2017, para US$ 66,8 neste ano. A petroleira anunciou o pagamento de R$ 652,2 milhões aos acionistas, com remuneração de R$ 0,05 por ação.

Por: Simone Kafruni, Correio Braziliense