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Alta nas cotações internacionais do petróleo eleva preço de combustíveis

O aumento de preços administrados — aqueles estabelecidos em contrato,  ou monitorados pelo governo — acendeu o alerta no Banco Central (BC) para o ressurgimento de pressões inflacionárias havia muito tempo adormecidas. A alta do petróleo nos mercados internacionais, por exemplo, está encarecendo o preço dos combustíveis no país. A cotação do petróleo tipo Brent chegou a ultrapassar US$ 80, ontem, patamar que não era atingido desde 2014, embora tenha terminado o dia em US$ 79,52. O movimento também é impulsionado pelo dólar, que ontem superou R$ 3,70, acumulando a quinta elevação consecutiva. Além disso, as revisões tarifárias de energia elétrica estão superando as projeções dos analistas, chegando a mais de 20% em alguns casos.

O mercado já está revisando para cima as previsões de alta dos preços administrados. No boletim Focus divulgado nesta semana pelo BC, os economistas consultados aumentaram a estimativa de alta nos preços desse grupo de produtos em 2018. A mediana das projeções avançou de 5% para 5,2%. Por enquanto, a autoridade monetária espera alta de 4,8%.

Principais desencadeador desse movimento, os combustíveis já estão sendo fortemente impactados pela alta do dólar e do petróleo no mercado externo. A partir de hoje, por exemplo, o óleo diesel e a gasolina estarão 0,95% e 1,8% mais caros, respectivamente, nas refinarias da Petrobras. É o quarto reajuste anunciado nesta semana pela estatal. Os preços dos combustíveis têm se mantido em alta desde que a empresa anunciou a nova política de preços, com ajustes quase que diários baseados nas cotações do petróleo no exterior e da taxa de câmbio entre o dólar o o real.

Segundo economista-chefe do banco ABC Brasil, Luís Otávio de Souza Leal, os  avanços do câmbio e do petróleo nas últimas semanas geram expectativa de impacto maior na inflação deste ano. Segundo cálculos do especialista, a elevação dos preços administrados pode representar 2,2 pontos percentuais no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2018. “Assim como ocorreu no ano passado, eles serão os grandes vilões, porque os preços livres terão variação muito menor do que a média, atingindo 1,8 ponto percentual. O grupo alimentação, por exemplo, teve um início de ano muito mais tranquilo do que o esperado do ponto de vista inflacionário”, ressaltou.

Os analistas avaliam que essa também foi uma das razões de o Banco Central ter optado por manter a taxa básica de juros (Selic) em 6,5% ao ano, evitando maiores pressões inflacionárias. “O avanço dos preços administrados deve, sim, ter um impacto no IPCA, e esse foi mais um dos motivos que justificam a decisão acertada do BC em manter a taxa”, avaliou Carlos Eduardo de Freitas, ex-diretor do Banco Central. “Além da alta do dólar, temos o aumento do preço do petróleo. Então, há um impacto duplicado”, completou.

Revisões

De acordo com o IPCA, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os preços dos combustíveis subiram 3,31% neste ano, impulsionados pela alta da gasolina e do diesel, que aumentaram 3,37% e 4,02%, respectivamente. A elevação do petróleo também impacta o botijão de gás, mas a política de preços adotada pela Petrobras, no caso específico desse produto, é de reajustes trimestrais, o que  retarda o repasse da escalada das cotações externas ao bolso do consumidor.

Do lado do preço da energia, os analistas afirmam que as novas tarifas estaduais anunciadas já estão “precificadas” nas análises do boletim Focus, mas advertem que os reajustes têm ficado acima do esperado. Além dos aumentos anuais que seguem a variação de índices de inflação, cada companhia de energia tem direito a revisões tarifárias, que são realizadas a cada quatro anos, para preservar o equilíbrio financeiro das concessões. Várias revisões foram feitas na casa de dois dígitos, com uma delas superando 20%. O mercado está atento às novas correções que devem ocorrer até o final do ano.

Por: Hamilton Ferrari