Brasileiros somavam 10 medalhas até o domingo nestes Jogos Olímpicos: dois ouros inéditos, três pratas e cinco bronzes. Conheça os atletas brasileiros que subiram ao pódio nesta competição
O Brasil já garantiu dez medalhas nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020. Até este domingo, 1 de agosto, foram dois ouros inéditos para o esporte brasileiro ―com a ginasta Rebeca Andrade (prova de salto) e Ítalo Ferreira (surfe); três medalhas de pratas, sendo duas para os skatistas Rayssa Leal e Kelvin Hoefler e mais uma prata de Rebeca Andrade na ginástica artística feminina; e cinco bronzes ―dois dos judô (Mayra Aguiar e Daniel Cargnin), dois na natação (Fernando Scheffer e Bruno Fratus) e um bronze inédito no tênis, com a dupla Luisa Stefani e Laura Pigossi. Dia após dia, os atletas brasileiros seguem fazendo história na competição, acompanhando o otimismo da projeção de medalhas feita po Comitê Olímpico Brasileiro.
Veja a evolução do Brasil no quadro de medalhas.
O objetivo do Brasil em 2021 é superar seu próprio recorde de medalhas olímpicas, conquistado nos Jogos Olímpicos Rio 2016. À época, foram 19 pódios, e o maior número de ouros olímpicos (sete), o que valeu ao país o 13º lugar na classificação geral de países competidores. A meta deste ano é ambiciosa, tendo em vista que em Tóquio a delegação está bem mais reduzida do que nas últimas Olimpíadas: foram 301 atletas brasileiros, ante 465 em 2016.
Conheça os medalhistas brasileiros em Tóquio
Ginástica Artística
Rebeca Andrade, medalhas de ouro e prata na ginástica artística – A ginasta brasileira já tinha feito história ao garantir ao Brasil a inédita medalha da equipe feminina na ginástica artística, na sexta-feira, 30 de julho. Aos 22 anos, a esportista de Guarulhos, na Grande São Paulo, levou o país ao pódio após um desempenho hercúleo no tablado e uma performance embalada ao som de Baile de favela. Mas no domingo, 1 de agosto, Rebeca superou a si mesma e consagrou-se como a primeira campeã olímpica do Brasil na modalidade, após terminar a prova de salto em primeiro lugar. A medalha de ouro de Rebeca Andrade nesta competição pode não ser a última, já que a ginasta disputa mais uma final nesta segunda-feira, com chances reais de medalha na prova de solo feminino. “Todos sabem da minha trajetória, o que eu passei. Acho que mesmo se eu não tivesse ganhado a medalha, eu teria feito história, justamente pelo meu processo para chegar até aqui. Não desistam, acreditem no sonho de vocês e sigam firmes.”
Surfe
Ítalo Ferreira, medalha de ouro no surfe – O surfista potiguar de Baía Formosa e 27 anos, é o primeiro campeão olímpico do surfe, modalidade que estreou nesta Olimpíada. A medalha veio na praia de Tsurigasaki, após uma emocionante disputa na final contra o japonês Kanoa Igarashi —que eliminou Gabriel Medina na semifinais. Ferreira mostrou consistência na sua linha, com manobras aéreas e muita velocidade. Durante a final, um susto: sua prancha se partiu na primeira onda. O brasileiro não se abalou, correu para a areia, pegou outra e voltou ao mar. Já campeão, se emocionou em entrevista à TV Globo: “Eu acreditei até o final, treinei muito nos últimos meses, e Deus realizou meu sonho. Posso fazer o que eu amo, ajudar as pessoas, a minha família. Estou sem palavras, só agradecer. É algo que eu sonhei e almejei bastante. Tá aí, meu nome está escrito na história do surfe.”
Tênis
Laura Pigossi e Luisa Stefani, bronze no tênis feminino de duplas – As paulistanas fizeram história no sábado, 31 de julho, ao conquistar a primeira medalha olímpica do tênis brasileiro. De virada, elas venceram as russas Veronika Kudermetova e Elena Vesnina por 2 sets a 1 e ganharam o bronze em Tóquio 2020. A dupla soube que participaria dos Jogos Olímpicos menos de uma semana antes do início do evento, graças ao gerente da Confederação Brasileira de Tênis (CBT), Eduardo Frick, que inscreveu-as na lista de espera da chave feminina, e elas conseguiram uma vaga “surpresa” após uma realocação feita pela federação internacional da modalidade, a ITF. Luisa, de 23 anos, que começou a jogar tênis aos 10, é a brasileira mais bem colocada no ranking de duplas desde sua criação: ela ocupa a 23ª posição, conquistada com uma parceria de sucesso com a norte-americana Hayley Carter. Já Laura, de 26 anos, chegou este ano em sua primeira final de WTA masters 1.000, e foi bronze nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019, ao lado de Carol Meligeni. A partir do segundo semestre, ela passará a jogar ao lado da canadense Gabriela Dabrowski, 14ª do mundo.
Skate
Rayssa Leal, prata no skate street – Conhecida como a Fadinha do skate, ela fez história no esporte mundial com apenas 13 anos. A prata conquistada na modalidade skate street fez dela a mais jovem medalhista olímpica do Brasil. A jornada das ruas de Imperatriz, no Maranhão, para o segundo lugar no pódio (superada apenas pela japonesa Momiji Nishiya, também de 13 anos) foi marcada por uma comoção entre a torcida brasileira. Desde que um vídeo de Rayssa andando de skate com sete anos de idade vestida de fada azul viralizou, ela chamou a atenção do mundo do esportes e se tornou inspiração para uma geração de mulheres e homens: “Se uma menina de 13 anos vai representar o Brasil hoje, é por causa de mulheres skatistas que me inspiram, que me mostram que uma garota pode tudo.”
Kelvin Hoefler, prata no skate street – Este paulista de Guarujá —que quando criança era obrigado a andar de skate dentro de casa porque sua rua era de terra— foi o primeiro medalhista do Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Aos 27 anos, Hoefler faturou a prata na categoria skate street. “Isso aqui representa o skate brasileiro, a nossa garra e a nossa persistência. Isso aqui não é só meu, é o skate do Brasil que merece isso aqui, merece até mais”, celebrou. O ouro ficou com o japonês Yuto Horigomi, e o americano Jagger Eaton levou a medalha de bronze sob um sol de 40 graus na pista.
Natação
Fernando Scheffer, bronze na natação – O atleta de 23 anos ficou em terceiro lugar nos 200 metros livres, conquistando a medalha de bronze nas Olimpíadas em sua primeira participação nos Jogos. O caminho até o pódio não foi fácil para este gaúcho de Canoas: no ano passado, devido à pandemia, seu clube, o Minas Tênis Clube, fechou as portas e ele ficou três meses fora das piscinas. Por isso, o nadador brasileiro teve que recorrer a uma bicicleta ergométrica alugada e a halteres para não deixar o corpo parado. No começo de 2021, com o recrudescimento da crise sanitária, ele e cinco colegas de equipe partiram para um sítio em Minas Gerais de outro nadador. Precisaram treinar num açude.
Bruno Fratus, bronze na natação- Com 32 anos, Fratus já é um veterano das piscinas e o velocista que mais vezes nadou abaixo de 22 segundos no mundo. Somente em Jogos Pan-Americanos ele possui sete medalhas, sendo cinco de ouro e duas de prata —conquistadas entre Guadalajara 2011, Toronto 2015 e Lima 2019. O nadador ainda possui três medalhas de prata e um bronze campeonatos mundiais. Faltava ainda uma medalha olímpica. Sua primeira Olimpíada foi em Londres 2012, quando ficou a dois centésimos de César Cielo na prova dos 50 metros livre. Acabou em quarto lugar, enquanto Cielo levou o bronze naquele ano na categoria. As expectativas eram altas para os Jogos Olímpicos do Rio 2016, mas Fratus sofreu uma lesão na região lombar meses antes. As dores nas costas foram obstáculo e o velocista acabou em sexto nos 50 metros livre daquele ano.
Judô
Mayra Aguiar, bronze no judô – Bronze na Olimpíada de Londres 2012. Bronze na Rio 2016. E novamente bronze, nos Jogos Olímpicos de Tóquio. A gaúcha Mayra Aguiar, 29 anos, superou uma séria lesão e a sétima cirurgia da carreira e subiu pela terceira vez a um pódio olímpico, após terminar na terceira colocação no judô feminino, categoria até 78kg. “Não aguentava mais fazer cirurgia, ainda mais no momento que vivemos, tive medo, angústia. Mas continuei. Dar o nosso melhor vale a pena. Estou bem emocionada. Muito importante para mim”, disse a atleta, limpando as lágrimas do rosto, nesta quinta-feira.
Daniel Cargnin, bronze no judô – Aos 23 anos este gaúcho de Porto Alegre trouxe a 23ª medalha do judô brasileiro na história dos Jogos Olímpicos para casa. A conquista do bronze na categoria peso meio-leve (até 66 quilos) ocorreu após luta tensa, contra o israelense Baruch Shmailov. Sua caminhada rumo ao pódio foi marcada por lesões em 2020 e até pela covid-19. Dedicou a vitória à mãe: “Acho que a gente sonhou junto isso, e vou ser bem sincero que queria era pegar, ligar para ela e falar que valeu à pena. Quando uma vez estava em um treino, pequeno, voltei chorando porque tinha apanhado muito. Ela falou: ‘não, Dani, vamos comer alguma coisa e amanhã é um novo dia.”
Por EL PAIS