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Alta da cana-de-açúcar impulsiona preço da gasolina e inflação, diz economista

 

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado ontem(9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma prévia da inflação oficial, é de 0,87% em agosto. Com isto, o acumulado é de 9,68% nos últimos 12 meses. O indicador foi impulsionado pela alta dos preços dos transportes, estimulada pelo aumento nos preços dos combustíveis.

gasolina subiu 2,80% e teve o maior impacto individual, mas, no período, houve aumentos também no etanol (4,5%), gás veicular (2,06%) e óleo diesel (1,79%).

Coordenador de índices de preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), André Braz explica que o segmento não foi impactado apenas pelos sucessivos aumentos praticados pela Petrobras nas refinarias, acompanhando o preço dos derivados de petróleo no mercado internacional.

“A gasolina das refinarias é pura mas, até a chegada às bombas dos postos, ela precisa ser misturada com 27% de álcool anidro. Isso representa mais de um quarto da gasolina das bombas. Por isso, quando anunciam um aumento nas refinarias, apenas uma parcela dele chega às bombas. Mas a safra de cana-de-açúcar foi impactada pela seca e está em alta, assim como seus derivados”, explica Braz.

O economista entende que, neste momento, os preços não sofrem alta por conta de aumento de demanda, que considera estar em baixa. Embora reconheça que, aos poucos, a vacinação faça com que a rotina das cidades comece a voltar ao normal, o elevado índice de desemprego dificulta uma recomposição do cenário em patamares próximos ao pré-pandemia.

 

Impacto também nos alimentos

O segmento de alimentação e bebidas foi o que registrou a segunda maior alta: 1,39%. O setor também é impactado pela alta dos transportes por causa do frete para a distribuição. A alimentação no domicílio passou de 0,78% para 1,63%.

Fora de casa, ela passou de 0,14% em julho para 0,76% em agosto. As maiores altas foram da batata-inglesa (19,91%), do café moído (7,51%) do frango em pedaços (4,47), das frutas (3,9%) e das carnes (0,63%).

Na quarta-feira (8) o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) anunciou que o custo médio da cesta básica aumentou em 13 das 17 capitais analisadas. Em Porto Alegre, que registra a cesta mais cara do país, ela chega a custar R$ 664,67, o equivalente a 63,4% do salário mínimo.

O cenário é preocupante para a população de baixo poder aquisitivo, aponta Braz. Segundo o analista de inflação, esse público sofre com a combinação entre o desemprego e a alta no preço dos produtos, principalmente a dos alimentos.

“São os dois dramas enfrentados pelas famílias de baixa renda. A inflação é um problema mas, com o desemprego, sem renda, você não consegue comprar nada, nem o que é barato. Não há como sair dessa situação sem a redução da incerteza doméstica e o combate à inflação. De um lado, temos um governo com discursos confusos e, de outro, instituições como o Banco Central tentando fazer o dever de casa”, avalia.

Para o economista, essa é uma parcela da população que não aparece nas manifestações políticas, sejam elas de apoio ou de oposição ao governo, e a situação de vulnerabilidade econômica e social dificulta que ela seja percebida.

“É um cenário que prolonga o sofrimento dessa população, que não vai a nenhum tipo de ato porque tem dificuldade para pagar um trem ou um ônibus que seja. É uma parcela que vai carregar um piano cada vez mais pesado”, conclui.

 

Por Stéfano Sallesda CNN