Estudo divulgado pelo Unicef revela que mais de 100 milhões de estudantes ficaram sem acesso a qualquer forma de educação durante a pandemia; embora países de baixa renda sejam mais afetados, nações mais desenvolvidas também enfrentam desafios.
Um novo relatório publicado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, afirma que pelo menos 200 milhões de crianças em idade escolar vivem em 31 países que não possuem recursos para implementar aulas remota.
Se forem necessários futuros fechamentos de emergência de escolas, esse grupo de alunos não terá acesso à educação. O estudo destaca que 102 milhões desses alunos vivem em países que tiveram escolas total ou parcialmente fechadas por pelo menos metade da pandemia de Covid-19.
Países de média e baixa renda
O índice divulgado pelo Unicef mede o tempo de resposta dos países para fornecer aprendizagem remota durante interrupções na educação presencial e cobre quase 90% dos estudantes em países de renda baixa e média-baixa.
A análise se concentra em três domínios: a disponibilidade de bens domiciliares e os níveis de educação dos pais, a implantação de políticas e capacitação de professores e a preparação do setor de educação para emergências.
A diretora-executiva da agência, Henrietta Fore, alertou que é possível que aconteçam novas emergências e que não está sendo feito “progresso suficiente para garantir que da próxima vez que alunos sejam forçados a sair da sala de aula, eles tenham opções melhores”.
O relatório descreve as limitações da aprendizagem remota e as desigualdades de acesso, alertando que a situação é provavelmente ainda mais negativa do que mostram os dados disponíveis.
Além dos países avaliados, outros dados revelam que os jovens enfrentaram desafios com a aprendizagem remota em todo o mundo, inclusive em países de renda maior.
O relatório afirma não haver substituto para a aprendizagem presencial. Ainda assim, escolas resilientes com sistemas robustos de aprendizagem remota, especialmente aprendizagem digital, podem fornecer um certo grau de educação durante o fechamento das salas de aula em tempos de emergência.
O Unicef está trabalhando com parceiros públicos e privados para dar às crianças e jovens acesso igual à aprendizagem virtual de qualidade, com o objetivo de atingir cerca de 3,5 bilhões com soluções de aprendizagem até 2030.
Destaques
Entre 67 países avaliados, o Unicef avaliou que 31 não estão prontos para fornecer ensino à distância em todos os níveis de educação, sendo os alunos da África Ocidental e Central os mais afetados.
A educação pré-primária é o nível de educação mais negligenciado, com muitos países não respondendo de forma rápida as limitações durante a pandemia.
As crises causadas pela mudança climática também podem impactar significativamente o acesso à educação. Choques ambientais colocaram 196 milhões de crianças em idade escolar em maior risco de interrupções escolares em emergências.
Argentina, Barbados, Jamaica e Filipinas foram os países que pontuaram o maior nível de resposta.
No entanto, mesmo entre essas nações, há disparidades dentro do país e crianças que vivem em famílias mais pobres ou em áreas rurais são as que têm mais chances de faltar durante o fechamento das escolas.
O relatório afirma que países com renda nacional bruta relativamente baixa obtiveram pontuação acima da média no índice, o que indica possibilidade de cooperação internacional e intercâmbio de melhores práticas.