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Incertezas pairam sobre escolha dos nomes dos candidatos a vice

Na reta final para partidos analisarem possíveis alianças, pré-candidatos ao Planalto ainda não conseguiram definir a composição da chapa eleitoral. Sem nomes indicados à vice-candidatura, o rumo das eleições presidenciais segue em aberto. Legendas têm até 15 de agosto para fazer o registro, que ocorrerá depois das convenções partidárias, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As incertezas do cenário eleitoral polarizado pairam sobre as chapas, que, para especialistas, vão topar qualquer negócio para se destacar.

As convenções ocorrem entre 27 de julho e 5 de agosto. É quando o cabeça de chapa decide, junto aos correligionários, quem será o escolhido para dividir o palanque. A ideia natural é um puxador mínimo de votos e que reforce a estrutura da chapa. Pode ser que a aliança seja feita a partir da desistência de algum presidenciável, como o ministro aposentado Joaquim Barbosa (PSB), que desistiu da corrida eleitoral mesmo com 14 milhões de votos, segundo as pesquisas; ou com as coalizões em que o candidato à Presidência assume o lugar do vice e transforma o antigo concorrente em um aliado. Barbosa, por exemplo seria uma opção viável para os tucanos, que até demonstraram interesse no nome dele. Ainda assim, Geraldo Alckmin (PSDB) preferiu recuar diante da desistência prematura do ministro.

A movimentação do Partido dos Trabalhadores é abordar, para um movimento de coalizão, a deputada estadual Manuela D’Ávila (PCdoB), partido que, há décadas, não larga sozinho rumo ao Planalto. “O caminho esperado seria alguma parceria com o PT, mas, com o Lula preso e insistindo em ser candidato, a aliança fica prejudicada”, afirmou um assessor petista.

Pessoas próximas a Manuela, por sua vez, confirmam que a legenda tem mantido diálogo com a pré-candidata, mas não tem feito gestos concretos. Nos discursos, a parlamentar estadual tem dito que não vai ser um obstáculo da unidade do conjunto da esquerda no país — o que daria a entender que pode se juntar ao PT nessa corrida eleitoral.

Fortalecimento

Ex-ministro da Fazenda e pré-candidato ao MDB, Henrique Meirelles, reforça a permanência dele como cabeça de chave. Sobre possíveis alianças, pessoas envolvidas na campanha do emedebista afirmam que ainda é cedo para concluí-las: “O momento é de reforçar Meirelles como candidato, ganhar musculatura eleitoral durante a convenção do partido e acompanhar o resultado das pesquisas”.

Até agora, o único candidato à presidência que deixou clara sua ideia de vice é o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ). Escolheu o senador Magno Malta (PR-ES) para o cargo. “Já anunciei que quero o Magno junto comigo nessa caminhada. Tive toda a liberdade para fazer essa escolha e, apenas caso ele não aceite, vou buscar alguém dentro do partido”, disse Bolsonaro em evento de prefeitos.

“O vice é parte da montagem da coalizão que vai viabilizar a candidatura. É um elemento importante, tem natureza programática, envolve recursos, tempo de tevê, dinheiro dos fundos eleitoral e partidário. É a cristalização de uma ideia. Na composição dessas alianças, você quer, no fundo, potencializar uma candidatura. Por isso ele é importante e pode potencializar quem precisava de um impulso adicional”, explica Paulo Calmon, diretor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB).

O cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB) Pablo Holmes analisa que  uma possível união de Bolsonaro com um nome de um partido maior, como o Partido da República, dá a ele estrutura partidária e musculatura em estados em que ainda não conseguiu reunir eleitores. Por ser de uma legenda nanica, o tempo de campanha na televisão dobraria.

Potencial

Até o momento, há 18 pré-candidatos na disputa ao Planalto. Para Holmes, figuras de partidos menores devem se unir a nomes que estejam mais fortes nas pesquisas eleitorais. Acredita, porém, que essas eleições serão muito parecidas com as de 89 — com muitos candidatos. Com a crise e a reforma política, as legendas foram pressionadas a lançar pessoas para se viabilizarem no cenário. “Além disso, o partido mais forte nas intenções de voto está, por enquanto, fora da disputa, e o governo está sendo rejeitado. Isso encorajou muitas pessoas a tentarem a disputa.”

Para o cientista político da Universidade Católica de Brasília (UCB) Creomar de Souza, as eleições têm duas fases — a primeira etapa, que já está chegando ao fim, é de ajuste, quando novos nomes aproveitaram um espaço diluído de reflexão para anunciar pré-candidatura, como parlamentares que não têm fôlego para um processo eleitoral. Algumas candidaturas, ao perceberem que são inviáveis, se lançam a cargos no Congresso ou na política estadual.

“Um partido pequeno que concorre à Presidência deixa de investir em nomes para o Senado e a Câmara, ou seja, perdem a oportunidade de ganhar tempo de TV, fundo partidário e eleitoral. Por isso vai haver desistência, coligações e apoio”, acrescentou Souza. Para o especialista, o segundo movimento foi negociado há algum tempo: uma candidatura de centro organizada. O Alckmin e o Ciro, segundo Souza, são nomes fortes para quem busca sair do extremismo — tanto de direita quanto de esquerda.

Por: Gabriela Vinhal e Bernardo Bittar