Ao menos 11.578 pessoas foram assassinadas nos três primeiros meses deste ano no Brasil. É o que mostra o índice nacional de homicídios criado pelo G1, uma ferramenta que permite o acompanhamento dos dados de vítimas de crimes violentos mês a mês no país. O número de vítimas é ainda maior que esse – isso porque a estatística não comporta os dados de cinco estados, que não divulgam todos os números. Dois deles não informam os números de nenhum dos três meses.
O número consolidado até agora contabiliza todos os homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte, que, juntos, compõem os chamados crimes violentos letais e intencionais. Foram 3.716 casos apenas em março.
O mapa faz parte do Monitor da Violência, uma parceria do G1 com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
PÁGINA ESPECIAL: Mapa mostra mortes violentas no país
ANÁLISE DO FBSP: O buraco negro da informação em segurança pública no Brasil
ANÁLISE DO NEV: Governos frágeis fortalecem tiranias ligadas ao crime e à polícia que se matam na disputa por poder
METODOLOGIA: Monitor da Violência
Desde o início do ano, jornalistas do G1 espalhados pelo país solicitam os dados via Lei de Acesso à Informação, seguindo o padrão metodológico utilizado pelo Fórum no Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
O objetivo é, além de antecipar os dados e possibilitar um diagnóstico em tempo real da violência, cobrar transparência por parte dos governos.
Cinco estados, por exemplo, ainda não possuem todos os dados referentes a março – no caso do Mato Grosso do Sul, só parte da estatística é informada. Mais que isso, dois deles (Bahia e Paraná) também não informam os números de janeiro e fevereiro, mesmo vários meses depois.
Veja a justificativa de cada um deles:
Bahia: a secretaria não detalha a quantidade de crimes mês a mês nem a tipologia mensal das ocorrências (quantos são homicídios dolosos, latrocínios ou lesões seguidas de morte). O órgão diz que o setor que trabalha com o fechamento dos dados não determina um prazo para a conclusão e que, quando as informações forem liberadas, serão divulgadas. A pasta afirma apenas que ocorreram, ao todo, 1.993 mortes violentas no estado no período. Já a Ouvidoria diz que “os dados solicitados ainda estão sendo auditados para não correr riscos de erro”.
Maranhão: a secretaria não informa os dados de março. “O período obedece ao prazo de três meses legalmente estabelecido pelo Ministério da Justiça, o qual considera as condições de registro de ocorrências disponíveis nas unidades federativas do país, como as dimensões territoriais e oferta de serviço de internet disponíveis nos estados.”
Mato Grosso do Sul: a secretaria diz que só pode fornecer os dados que estão no site oficial – ou seja, apenas os números de homicídio doloso. Por isso, não foram informados os dados de latrocínio e lesão corporal seguida de morte de fevereiro e de março
Paraná: a secretaria diz que ainda não possui a informação sobre todos os meses. “As estatísticas referentes a homicídios, antes da divulgação, passam por quatro ciclos de controle de qualidade. Durante a realização da validação foram encontradas distorções que estão sendo homologadas para, então, ocorrer a divulgação.” Segundo o governo, o relatório estatístico referente ao primeiro trimestre deste ano deve ser publicado no site nas próximas semanas
Tocantins: a secretaria diz que as delegacias levam um tempo para informar os números e, por isso, os dados de fevereiro e março ainda não foram consolidados
Página especial
Na página especial, é possível navegar por cada um dos estados e encontrar dois vídeos: um com uma análise de um especialista indicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e outro com um diagnóstico de um representante do governo.
Ambos respondem a duas perguntas:
- Quem são os grupos/pessoas que mais matam no estado, por que eles matam e como isso mudou ao longo da última década?
- O que fazer para mudar esse cenário?
Apenas 3 dos 27 governos estaduais não enviaram respostas às questões em vídeo: Bahia, Ceará e Rio de Janeiro. Juntos, eles respondem por mais de 1/4 das mortes violentas no ano passado.
Por: G1